Simpósios da IV Reunião de Biofortificação traçam desenvolvimento do BioFORT

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Durante a IV Reunião de Biofortificação no Brasil, em Teresina, Piauí foram realizados no dia 14 de julho três simpósios simultâneos, afim de agrupar pesquisas em áreas similares no que envolve o contexto de biofortificação e traçar metas que melhor desenvolva o projeto BioFORT.

O simpósio 1 contou com apresentações acerca de meios alternativos, além da biofortificação, para enriquecer cultivares. Foram expostos estudos sobre a implementação de fertilizantes ricos em ferro, zinco, selênio e iodo, além da aplicação foliar destes minérios por borrifação. O uso de suplementos de zinco em sachês a serem adicionados em refeições da população alvo (Unicef-IZA) também foi sugerido como uma opção viável.

Ao término do simpósio, definiu-se que os principais métodos discutidos serão testados, afim de complementar os estudos de biofortificação no arroz, trigo e feijão-caupi. Para isto, será submetida uma proposta de projeto para que estes trabalhos participem da rede BioFORT.

Já no simpósio 2, levantou-se os estudos de retenção e biodisponibilidade para produtos biofortificados. Na primeira parte, os trabalhos sobre retenção de carotenóide foram expostos sobre o milho, mandioca e batata doce, e os de retenção de minerais, no feijão-caupi, feijão preto, arroz, milho e seus derivados. Ao final foram realizas discussões que enfatizaram a importância da embalagem para prevenir a perda de carotenóides, do impacto dos hábitos alimentares e o modo de preparo para melhor garantir a quantidade final de micronutrientes disponíveis para consumo.

Na segunda parte foram apresentados os estudos de biodisponibilidade in vivo (ensaios laboratoriais através de animais) e in vitro (ensaios laboratoriais com utilização de membranas e células que simulam a absorção dos micro nutrientes) para estimar o quanto do micronutriente será realmente absorvido pelo nosso organismo. Promissores resultados quanto a biodisponibilidade de ferro no feijão BRS Pontal, foram apresentados pela Profa. Hercia Stampini, da Universidade Federal de Viçosa, apontando que a biodisponibilidade de ferro é a mesma da ingestão de sulfato ferroso, utilizado para o combate à anemia do feto durante a gestação, sendo portanto considerada uma boa fonte de ferro disponível.

As discussões ao final indicaram que os estudos de biodisponibilidade com animais e em laboratórios podem ser um bom indicativo para a escolha dos cultivares a serem utilizados nos estudos com humanos, visto que estes requerem um maior investimento e planejamento.

O simpósio três foi repleto de apresentações sobre avaliações de impactos e transferência de tecnologia, o qual, na primeira parte, as experiências e metodologia de avaliações de impactos em Moçambique, Uganda e Zâmbia, realizadas pelo HarvestPlus, foram trocadas com a da região Nordeste, realizadas pelo CIAT e pela Embrapa. Ao final foi estabelecido um compromisso de elaboração de uma proposta de projeto a ser submetida para a criação de uma rede para avaliação de impacto.

Os estudos de transferência de tecnologia foram apresentados na segunda parte, a qual se expôs produtores rurais do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Sergipe que aderiram as cultivares biofortificadas e as experiências de transferências do HarvestPlus. Ao final das apresentações, também foi estabelecido um compromisso de elaboração de uma proposta a fim de que os setores de Transferência de Tecnologia e Comunicação tenham um projeto exclusivo para atuarem, com foco no Nordeste.

Texto: Caio Fidry

Outras informações:
Pesquisadora Marília Nutti ( marilia@ctaa.embrapa.br )
Embrapa Agroindústria de Alimentos
21 3622 9755

Jornalista Soraya Pereira (MTB 26165/SP)
Embrapa Agroindústria de Alimentos
21 3622 9739 ou 9881 0535
soraya@ctaa.embrapa.br

Reunião em Teresina traça panorama da biofortificação no mundo

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Os participantes da IV Reunião de Biofortificação do Brasil tiveram um panorama do tema no mundo com as palestras do diretor geral do HasvestPlus, Howdy Bouis, do professor Xingen Lei, que atua no programa da China, do pesquisador Salomon Peres, do projeto AgroSalud, que promove a biofortificação na América Latina, e da pesquisadora Marilia Nutti, coordenadora dos projetos de biofortificação no Brasil.

Howdy Bouis traçou um histórico do programa no mundo. Segundo o pesquisador, a primeira fase do projeto trabalhou com batata-doce e mandioca ricas em pró-vitamina A, além de arroz e feijão com maiores teores de ferro. As cultivares foram introduzidas em países da África e da Ásia.
Entre os principais ganhos ele ressaltou o incremento entre 65% e 100% de vitamina A em populações de aldeias que adotaram variedades de batata-doce biofortificada. Outros resultados positivos citados pelo representante mundial do programa HasvestPlus foram a adoção de variedades de mandioca e milho com maiores teores de pró-vitamina A na Republica Democrática do Congo, Nigéria e em Zâmbia. A DR Congo, juntamente com Ruanda, também adotou um material de feijão mais rico em zinco. “Os resultados são encorajadores, mas ainda há muito que se fazer”, afirmou.
As atividades do programa, segundo disse, se dividiram em três frentes, o desenvolvimento de novas cultivares, inclusive com a utilização de ferramentas como a transgenia e o melhoramento assistido, com a utilização de marcadores moleculares, análises econômicas dos produtos, que passam pelo custo-benefício, difusão e impactos, além da comunicação.
O pesquisador ressaltou que, em 2009, o programa entrou em uma segunda fase, com a introdução das culturas da batata, sorgo, banana e lentilha. Está etapa, com atividades previstas até 2013, conta com recursos da ordem de US$ 120 milhões, tendo como principais fontes a Fundação Gates, o governo do Canadá e o Banco Mundial.

Futuro
Howdy Bouis disse que há exemplos de sucesso que demonstram o impacto do programa em saúde pública. Entretanto, a equipe continuará buscando mais evidências que demonstrem a eficiência do melhoramento genético para geração de produtos com mais minerais e vitaminas.
O pesquisador destacou o trabalho brasileiro. Na opinião dele, o futuro de biofortificação está no País. “O Brasil está à frente: trabalhando com várias cultivares, o programa possui visibilidade, há políticas públicas que permitem a adoção das tecnologias e fontes de recursos diversificadas para o financiamento das atividades.”

Situação da biofortificação na China é apresentada em reunião

O pesquisador Xingen Lei, da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, apresentou um panorama do HasvestPlus na China. Segundo ele, a primeira fase do programa foi realizada entre 2005 e 2009 e trabalhou com arroz, trigo, milho e batata-doce.
O pesquisador ressaltou que a China apresenta diversos problemas de nutrição. De acordo com ele, 16% da população tem anemia, 45% possui deficiência de vitamina A, 40% de cálcio e cerca de 15% apresenta déficit de crescimento. “Há estudos que apontam que a má nutrição custa entre 3% e 4% do PIB chinês, cerca de 3,61 bilhões de dólares”, afirmou.
Como resultados, Xingen Lei destacou a liberação de duas cultivares de trigo ricas em ferro e zinco. Também foram lançadas duas variedades de batata-doce com maiores teores de pró-vitamina A, avaliadas na alimentação escolar de crianças entre três e dez anos, observando-se impactos positivos no estado nutricional dessas crianças avaliadas, conforme afirmou o pesquisador.
O programa chinês também conta com cultivares de trigo com elevado teor de zinco e arroz mais rico em ferro, que deverão ser lançados nos próximos anos. Além disso, a edição chinesa do HarvestPlus está trabalhando no desenvolvimento de produtos processados de batata-doce, avaliação de impactos e estudos de biodisponibilidade.

Biofortificação na América Latina
O representante do programa AgroSalud, Salomon Peres, abordou em sua palestras os avanços do programa na América Latina. Em 2005, o programa teve inicio com o desenvolvimento de cultivares de feijão e arroz ricos em ferro, milho com melhor qualidade proteica e batata-doce, com mais pró-vitamina A.
Ele disse que o AgroSalud liberou 43 cultivares e conta com outras nove em fase de liberação. Esse material é distribuído para produtores, que também recebem treinamento.
Em 2011, o AgroSalud estabeleceu uma parceria com o Grupo Consultivo para Pesquisa Agrícola Internacional (CGIAR) para obtenção de recursos financeiros qua vão garantir mais cinco anos de trabalho. Para esse período, estão previstas atividades de melhoramento, com o lançamento de mais 37 cultivares e ampliação da escala de produção de sementes.

Biofortificação no Brasil

A pesquisadora Marilia Nutti, da Embrapa Agroindústria de Alimentos (Rio de Janeiro-RJ) a rede de trabalho com biofortificação no País. Segundo ele, a iniciativa envolve três projetos (AgroSalud, HarvestPlus e Biofort) e conta atualmente com uma equipe multidisciplinar com mais de cem pessoas.
O projeto envolve 11 centros de pesquisa da Embrapa, além de outras instituições de pesquisa para desenvolver cultivares com melhor conteúdo nutricional em oito culturas: trigo, batata-doce, milho, arroz, feijão, feijão-caupi, abóbora e mandioca.

Desde 2005, quando as atividades começaram no Brasil, foram lançadas ou recomendas dez cultivares de mandioca, feijão-caupi, batata-doce, entre outras, com maiores teores de ferros, zinco e pró-vitamina A. Além disso estão sendo desenvolvidos produtos processados.

Sobre a adoção dos produtos, Marília Nutti informou que estão sendo realizados testes de aceitabilidade no interior do Maranhão e do Sergipe; no Rio de Janeiro e no Espírito Santo, além de Minas Gerais, onde Unidades Demonstrativas com produtos biofortificados em parceria com 11 prefeituras, quatro escolas técnicas e um assentamento do estado. A pesquisadora também destacou a parceria com a PepsiCo para desenvolvimento de produtos com milho, batata-doce e trigo biofortificados.
O próximos passos do programa, segundo Marília Nutti, devem contemplar atividades de gestão, visando a inserção dos produtos biofortificados em políticas públicas que viabilizem a sua disseminação, além do fortalecimento de ações de Transferência de Tecnologia e avaliação de impacto social, econômica e nutricional.

Marcos Esteves – jornalista
Embrapa Hortaliças

Caupi emerge como um dos principais alimentos do mundo

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Dr. B.B. Singh, da Texas AM University, que trabalha há 27 anos com a cultura do feijão-caupi (cowpea) na Índia e nos EUA, afirmou que o caupi será um dos principais alimentos do século XXI e previu que será o mais importante cultivo nos próximos anos, entre outras razões por sua precocidade, pois está pronto para colheita em 60 dias.

Originário do sul da África, o feijão-caupi está em todo o mundo e o Brasil é um dos maiores produtores. As pesquisas e melhoramentos da cultura têm introduzido novas variedades com maturação precoce e resistência a pragas e, segundo Dr. Singh, o Brasil tem contribuído destacadamente neste âmbito com um dos melhores trabalhos do mundo, em benefício dos produtores.
Diferentemente de outras culturas, que cresceram pouco, o feijão-caupi tem tido uma grande expansão na área cultivada e produtividade em função de fatores como maturação precoce, ampla adaptação, resistência a pragas, uso diversificado e por ser um alimento saudável. Novas variedades apresentam características como 30% de teor proteico; alta produtividade, tolerância à seca e ao calor, assim como melhorias de cor e textura.

Graças ao Harvest Plus, variedades com maiores teores de nutrientes tem sido oferecidas aos produtores. Também a alimentação animal tem sido beneficiada com a expansão da produção pois as folhas do feijão caupi tem alta digestibilidade e teor proteico.
O sucesso da associação com outras culturas tem facilitado sua adoção por produtores de diversos países, em associação com soja, como no Brasil; com milho, nos EUA; com trigo e arroz, na Índia.
Dr. B.B. Singh encerrou sua palestra deixando uma mensagem aos participantes da IV Reunião de Biofortificação: “Tragam o caupi no coração para se alimentar e plantar”.

Jornalista: João Eugênio (MTb 19276 RJ) – Embrapa Agroindústria de Alimentos
Tel. 21 3622-9737
joao@ctaa.embrapa.br

Biofortificação é opção para a segurança nutricional

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Os desafios e oportunidades da pesquisa marcaram o primeiro dia da IV Reunião de Biofortificação no Brasil, que ocorre até a próxima sexta-feira (15/07), em Teresina. O tema foi apresentado na abertura do evento, pelo diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa, Maurício Antonio Lopes, que destacou a crescente importância de temas ligados à alimentação, à nutrição e à saúde.

Segundo Maurício Lopes, a fome e a desnutrição ainda são problemas avassaladores, sobretudo nas regiões mais pobre do mundo, como na África e em parte de Ásia e da América Latina. O diretor da Embrapa ressaltou que a questão torna-se mais relevante à medida que a população mundial cresce e, ainda em 2011 deverá ultrapassar sete bilhões de pessoas.
Para ele, a população pobre é a que mais sofre com o aumento dos preços dos alimentos, seja em conseqüência de crises econômicas ou em virtude de possíveis quebras de produção causadas pelos fenômenos de mudança climática global.

No entanto, Maurício Lopes acredita ser possível garantir acesso a alimentos. Para isso, ele cita o exemplo do Brasil, que na década de 1960 importava alimentos básicos, como arroz e feijão, e passou a ser um país seguro do ponto de vista alimentar, além de um dos maiores exportadores mundiais de alimentos. “É possível, em um espaço relativamente curto de tempo, dar grandes saltos na agricultura e segurança alimentar, mas a equação para se chegar lá é complexa e vai além da tecnologia. Ela é importante, mas tem que estar combinada a outros fatores, como políticas pública governamentais.”

O diretor da Embrapa frisou ainda que a oferta de alimentos, ou segurança alimentar, não é suficiente para garantir o suprimento de nutrientes necessários para a manutenção da saúde (segurança nutricional). Trata-se, na opinião dele, de um novo paradigma, no qual a qualidade dos alimentos deve acompanhar a garantia de oferta. “Mesmo em países desenvolvidos, que já alcançaram a condição de segurança alimentar há muito tempo existem problemas sérios de segurança nutricional com grande impacto em qualidade de vida.” Nesse sentido, Maurício Lopes destacou a pesquisa em biofortificação de alimentos, como uma das alternativas mais interessantes para promover a segurança nutricional.

Durante a abertura, também foi exibida uma mensagem em vídeo do diretor da Divisão de Produção e Proteção de produtos Vegetais da (FAO) no qual ele destaca o papel do Brasil como referência mundial de pesquisa em biofortificação.

Marcos Esteves – (4505/14/45v/DF)
Assessoria de Imprensa
Núcleo de Comunicação Organizacional(NCO)
Embrapa Hortaliças
Tel.: (61) 3385-9109
E-mail: mesteves@cnph.embrapa.br

Reunião de biofortificação movimenta comunidade científica internacional em Teresina

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As pesquisas e estratégias de transferência de tecnologias, com avaliação dos impactos na vida de produtores e consumidores, vão dominar a programação da IV Reunião de Biofortificação no Brasil, que foi aberta neste domingo 10, às 18 horas, no centro de convenções do Blue Tree Rio Poty Hotel, em Teresina.

O evento, que vai até o dia 15 deste mês e é uma realização da Embrapa, reúne pesquisadores brasileiros e estrangeiros, que são membros da rede de biofortificação no Brasil, América Latina, Índia, África e Estados Unidos; ligados à cadeia de produção do arroz, abóbora, feijão, feijão-caupi, mandioca, milho, batata-doce e trigo.

O pesquisador Maurício Antônio Lopes, diretor de pesquisa e desenvolvimento da Embrapa, fez a palestra de abertura. Ele falou sobre Alimentação, nutrição e inovação agropecuária – convergências e oportunidades.

Em seguida, foi a vez de Shivaji Pandey, diretor da Divisão de Produção e Proteção de Produtos Vegetais da FAO, fazer uma mensagem em video com o tema “A biofortificação é uma alternativa viável para melhorar a alimentação nos países em desenvolvimento?” Logo depois, foi apresentada a mensagem “Zinco salva crianças”, também em vídeo, do Projeto UNICEF.

A programação do evento tem palestras, painéis, visitas técnicas, reuniões, debates e simpósios. A temática vai da função do CNPq na pesquisa em agricultura, saúde e nutrição, passando pelo papel da agricultura frente às tendências em alimentação e impacto na nutrição e saúde; até a pesquisa em biofortificação no mundo (http://www.biofort.com.br/IV_Reuniao_Biofortificacao_programacao.php).

Entre pesquisadores, professores, estudantes, extensionistas, técnicos de agroindústrias e empresários cerca de 200 pessoas estão participando da reunião. Cinquenta e três trabalhos na forma de pôsteres e 54 resumos dos palestrantes estão sendo apresentados. Os trabalhos serão publicados na forma de resumos expandidos nos Anais da reunião. Eles ficarão disponibilizados em CD-ROM e no site do Projeto BioFORT, no endereço www.biofort.com.br. Para quem perdeu as inscrições poderá acompanhar a reunião em tempo real através do blog (biofortblog.blogspot.com), twitter (@projetobiofort) ou facebook (Projeto Biofort).

Jornalista Fernando Sinimbu
Registro 654 MTb/PI
(86) 3089-9118
fernandosinimbu@cpamn.embrapa.br
Embrapa Meio-Norte
Teresina – Piauí

Visitas técnicas marcam reunião sobre biofortificação no Brasil

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Duas visitas técnicas marcam a programação dos dois primeiros dias da IV Reunião de Biofortificação no Brasil, que será realizada de 10 a 15 deste mês, no centro de convenções do Rio Poty Hotel, em Teresina, reunindo pesquisadores brasileiros, da América Latina e dos Estados Unidos. A primeira visita acontecerá na segunda-feira 11, às 16 horas, na vitrine tecnológica da Embrapa Meio-Norte.

Os pesquisadores conhecerão trabalhos com abóbora, arroz, feijão, feijão-caupi, batata-doce, mandioca, milho e trigo. Na visita, será debatido o modelo de cultivo nas estações dos produtos apresentados. A vitrine tecnológica tem 5 mil metros quadrados e está instalada no campo experimental da sede da Unidade, no bairro Buenos Aires, na zona norte da capital do Piauí.

No dia 12, a partir das 9:30 horas, os pesquisadores vão conhecer uma unidade demonstrativa com feijão-caupi, batata-doce e macaxeira biofortificados, no assentamento Vale do Bekaa, no município de Coroatá, a 260 quilômetros a centro-oeste de São Luís. Após a visita, os agricultores se reunirão com dirigentes de órgãos ligados à agricultura do Maranhão.

Antes do almoço com produtos biofortificados que será servido aos participantes do evento, a engenheira agrônoma Adelana Santos, da Agência Estadual de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural do Maranhão, fará uma palestra focando o histórico da atuação do projeto de biofortificação no assentamento Vale do Bekaa. Adelana coordena as ações do projeto em Coroatá.
Jornalista Fernando Sinimbu
Registro 654 MTb/PI
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Embrapa Meio-Norte
Teresina – Piauí

Trigo mais nutritivo

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A Embrapa Trigo trabalha há mais de quatro anos para aumentar a qualidade nutricional do trigo. A pesquisa faz parte do projeto Biofort Brasil, que reúne dez unidades da Embrapa na integração com uma rede de pesquisas espalhadas na América Latina, África e Ásia, com financiamento dos programas AgroSalud e HarvestPlus.

De acordo com o pesquisador Pedro Scheeren, a seleção de genótipos de trigo busca plantas com mais teor de ferro e zinco. A deficiência de ferro nas crianças impede o desenvolvimento físico e mental, além de causar anemia em gestantes. Já o ácido fólico, formado a partir do zinco, é necessário para a formação de anticorpos, prevenindo a má formação do tubo neural, estrutura precursora do cérebro e da medula espinhal.
O uso de suplementos e aditivos químicos nos alimentos (fortificação de farinhas) ou a melhoria natural dos teores de compostos químicos de interesse, via os chamados alimentos nutracêuticos, têm sido as alternativas para a solução do problema. “O ferro e o ácido fólico são ingredientes funcionais, que repõem perdas nutricionais que ocorrem durante a moagem para produção da farinha de trigo. Parte destes nutrientes é perdida também durante etapas do processamento dos alimentos, como na fritura, assamento ou cozimento”, explica a pesquisadora da Embrapa Trigo, Martha Miranda.
Em 2010, programa de biofortificação do trigo selecionou cultivares 50 com melhor valor nutritivo. Apesar do avanço, a previsão da Embrapa Trigo é chegar a uma cultivar de biofortificada somente no prazo de dois anos. A dificuldade, segundo o pesquisador Pedro Scheeren, está em gerar cultivares que atendam tanto as demandas do consumidor, como qualidade industrial e nutricional, como do produtor, que exige cultivares com bom potencial produtivo e resistência a pragas e doenças.
REUNIÃO EM TERESINA
A IV Reunião de Biofortificação no Brasil está confirmada para o período de 10 a 15 de julho deste ano, no centro de convenções do Rio Poty Hotel, em Teresina. São esperados pelo menos 200 participantes entre pesquisadores brasileiros e estrangeiros, que são membros da rede de biofortificação no Brasil, América Latina e Estados Unidos; ligados à cadeia de produção do arroz, abóbora, feijão, feijão-caupi, mandioca, milho, batata-doce e trigo.

Devem participar também professores, estudantes, extensionistas, técnicos de agroindústrias e empresários. O comitê técnico-científico do evento prevê, no mínimo, a apresentação de 100 trabalhos na forma de pôsteres. Os trabalhos serão publicados na forma de resumos expandidos nos Anais da reunião. Eles serão disponibilizados em CD-ROM e no site do Projeto BioFort.

Joseani M. Antunes é jornalista da Embrapa Trigo
(54)3316.5800
joseani@cnpt.embrapa.br
Foto: Paulo Kurtz

Uma relação de cumplicidade com a agricultura

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Péricles de Carvalho Ferreira Neves é um dos pesquisadores envolvidos com a identificação da variedade Chorinho, arroz que apresenta o dobro de ferro (4 miligramas por quilograma), em relação ao grão polido convencional. Ou seja, um produto alternativo para combater a falta do nutriente na alimentação humana, cuja deficiência pode levar à anemia.

Especialista em arroz na Embrapa Arroz e Feijão, sediada no município de Santo Antônio de Goiás, em Goiás, Péricles participa do trabalho de biofortificação não apenas por força de sua formação. Ele é um daqueles goianos que vivenciaram o período de transição da população do meio rural para o urbano, intensificado a partir da década de 1960, bem como a mudança sócio-produtiva, em meados de 1970, com a modernização da agricultura do cerrado.

“Eu convivi na infância com a agricultura tradicional de roça de toco”, lembra o pesquisador. Nesse sistema, que remonta os cultivos indígenas e os tempos do Brasil Colonial, as lavouras eram plantadas em áreas desmatadas após a queimada da rebrota da vegetação nativa. Embora seja esta uma forma de exploração da terra insustentável na atualidade, a afinidade com o meio rural desde aquela época o ajudou a despertar à vocação agronômica.

Hoje, Péricles desenvolve pesquisas em melhoramento genético do arroz, atuação que lhe rendeu o convite para compor o grupo de trabalho de biofortificação, reunindo Embrapa e os programas Agrosalud e Harvest Plus. Ele conta ainda que a possibilidade de melhorar a qualidade nutricional do cereal o instiga, especialmente, pelo caráter do projeto de beneficiar os pequenos produtores rurais nos rincões do país.

A Chorinho, por exemplo, já passou por uma série de ações experimentais em conjunto com agricultores do Maranhão, iniciativa conduzida em parceria com o pesquisador José Almeida, da Embrapa Meio Norte, em Teresina. Nos testes realizados, houve boa avaliação da variedade no campo e, principalmente, em relação aos grãos, por se tratar de “arroz agulhinha”, produto mais valorizado pelo mercado.

Atualmente, a Embrapa Meio Norte vem realizando ações de melhoramento participativo com agricultores do Maranhão para a escolha de famílias de plantas de arroz, a fim de indicar novas cultivares com maiores teores de ferro e também de zinco e que apresentem características modernas do ponto de vista agronômico.

Jornalista da Embrapa Arroz e Feijão
Registro MTb/GO 1.077
rpbarros@cnpaf.embrapa.br

Foto: Sebastião Araújo

Otimismo na dose certa contra a desnutrição

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A trajetória do engenheiro agrônomo Maurisrael Rocha, de 43 anos, como pesquisador, traz a marca do otimismo. Ele está trabalhando para a redução da fome oculta de milhões de pessoas que sobrevivem nos rincões do Nordeste brasileiro. E foi com esse objetivo que o pesquisador abraçou o desafio de participar ativamente do Projeto de Biofortificação, que é coordenado no Brasil pela Embrapa.

Como toda história de sucesso em projetos com foco social, a de Maurisrael Rocha também recebeu um sopro de entusiasmo. “A minha participação no programa de biofortificação no Brasil começou em 2006, no Congresso Nacional de Feijão-Caupi, realizado em Teresina. No evento, conheci os pesquisadores Marília Nutti e José Luis Carvalho, que convidaram a equipe do feijão-caupi a integrar o projeto internacional de biofortificação, o HarvestPlus”, lembra.
Aceito o desafio, a primeira ação dele foi introduzir genótipos de feijão-caupi, reconhecidamente ricos em ferro e zinco, como padrões nas primeiras avaliações. Na empreitada, Maurisrael Rocha recebeu o apoio do pesquisador norte-americano B.B. Singh, uma das maiores autoridades do mundo em melhoramento de feijão-caupi, que cedeu duas linhagens ricas em ferro e zinco, desenvolvidas pelo International Institute of Tropical Agriculture, sediado em Ibadan, na Nigéria.
Um ano depois, 42 genótipos, que compreendiam cultivares e linhagens elites com alta produtividade e adaptabilidade às regiões produtoras, foram avaliadas. “Desses – lembra o pesquisador – os 10 genótipos com teores mais altos de ferro e zinco foram validados em experimentos nos estados do Piauí, Maranhão e Sergipe”. O resultado da seleção de linhagens resultou no lançamento das cultivares BRS Xiquexique, com 77 miligramas de ferro por quilo e 53 miligramas de zinco por quilo; e a BRS Tumucumaque, com 60 miligramas de ferro por quilo e 52 miligramas de zinco por quilo.
Em seis anos de intenso trabalho, segundo o pesquisador, já foram avaliados pelo menos 200 populações de feijão-caupi – cultivares, linhagens e progênies -, além de 14 genótipos ricos em ferro e zinco, validados em multiambientes; três cultivares transferidas e realizados oito cruzamentos entre genótipos biofortificados. As populações avaliadas são altamente promissoras, com variações de 30 a 63 miligramas de zinco por quilo e de 37 a 102 miligramas de ferro por quilo.
Empolgado com o avanço do projeto, que no plano de ação da Embrapa Meio-Norte é denominado Biofortificação do feijão-caupi no Brasil, Maurisrael Rocha mira longe. “A meta nos próximos anos é lançarmos cultivares com pelo 60 miligramas de zinco por quilo e 80 miligramas de ferro por quilo”, projeta. Ele acredita que a meta será cumprida, apontando para o trabalho integrado da equipe de pesquisadores e assistentes como um dos pontos de equilíbrio para o sucesso das pesquisas.
Abrindo trilhas
Mas como ninguém acorda pronto para brilhar na profissão, Maurisrael Rocha percorreu um longo caminho até chegar aonde está. Primeiro filho de uma família de três irmãos, ele nasceu no minúsculo município de Bocaina, que tem uma população de pouco mais de 4 mil habitantes e distante 324 quilômetros a sudeste de Teresina. Ao despertar para vida, ele seguiu para o município mais próspero da região, Picos, que fica a 22 quilômetros de Bocaina, e lá, fez até o ensino médio.
Vidrado em agricultura, Maurisrael partiu para Teresina onde se formou em engenharia agronômica na Universidade Federal do Piauí. Depois, ele saiu abrindo trilhas de sucesso: fez mestrado e doutorado em genética e melhoramento de plantas pela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, da Universidade de São Paulo; e é hoje pesquisador e coordenador da Rede Nacional de Melhoramento de Feijão-Caupi da Embrapa.
Para entender melhor o entusiasmo do pesquisador piauiense é preciso mergulhar nas siglas dos dois programas de biofortificação. Vejamos: HarvestPlus é o programa ou aliança mundial de pesquisa e entidades executoras que se uniram para melhorar e disseminar produtos agrícolas que contribuam para uma melhor nutrição humana.
Ele é coordenado pelos International Center for Tropical Agriculture –CIAT, que tem sede em Cáli, na Colômbia; e o Internacional Food Policy Research Institute-IFPRI, sediado em Washington, nos Estados Unidos. O programa é financiado por instituições como a Fundação Bill e Melinda Gates e Banco Mundial, com aporte de recursos na ordem de US$ 50 milhões para 4 anos.
O BioFort é o programa de biofortificação brasileiro, que trabalha culturas alimentares básicas, como abóbora, batata-doce, arroz, mandioca, trigo, feijão comum e feijão-caupi. O programa é coordenado pela Embrapa Agroindústria de Alimentos, que tem sede no Rio de Janeiro. As pesquisas são financiadas pelo Fundo Embrapa-Monsanto. O orçamento para 3 anos é de R$ 1 milhão.

Fernando Sinimbu
Jornalista da Embrapa Meio-Norte
Registro 654 MTb
(86) 3089-9118
fernandosinimbu@cpamn.embrapa.br
Teresina – Piauí