Milho biofortificado será lançado pela Embrapa

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Uma cultiva de milho com quantidade de pró-vitamina A (carotenoides) cerca de quatro vezes superior à encontrada em cultivares comuns do cereal será lançada pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) no próximo dia 20 de maio. A pró-vitamina A se transforma em vitamina A a partir de reações químicas no organismo. Entre suas funções estão a manutenção de uma boa visão, uma pele saudável e um bom funcionamento do sistema imunológico. A falta dela no organismo humano resulta na hipovitaminose A, considerado um dos principais problemas de nutrição no mundo. Essa deficiência está associada à perda de visão em crianças.

A cientista de alimentos Maria Cristina Dias Paes, da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG), Unidade responsável pelo desenvolvimento da cultivar, explica que o milho biofortificado – a cultivar será identificada pela sigla BRS 4104 – apresenta concentração de carotenoides percursores da vitamina A na faixa de 6 a 8 microgramas por grama de grãos. O milho comum apresenta entre 2,5 e 4 microgramas.

Em áreas experimentais na Embrapa Milho e Sorgo, o milho pró-vitamina A vem produzindo bem. De coloração amarela intensa, a cultivar foi desenvolvida a partir de um trabalho de seleção onde os grãos que apresentaram maior quantidade de pró-vitamina A foram selecionados e utilizados no processo de melhoramento. “Esse milho apresenta ciclo precoce e estamos muito otimistas com suas características agronômicas”, destaca Paulo Evaristo Guimarães, pesquisador da área de melhoramento.

A cultivar será lançada durante dois eventos simultâneos que acontecem na semana de 20 a 24 de maio, a 6ª SIT (Semana de Integração Tecnológica) e a Reunião da Rede Brasileira de Biofortificação. O lançamento é resultado das ações do projeto BioFORT, nome que vem de biofortificação de alimentos, que trabalha o melhoramento genético convencional de culturas agrícolas que compõem a dieta básica da população brasileira e de outros países onde problemas nutricionais ainda são prevalentes. No Brasil, pesquisadores da Embrapa já conseguiram cultivares de mandioca e de batata-doce com altos teores de vitamina A e arroz, feijão e feijão-caupi mais ricos em ferro e zinco.

O milho biofortificado com pró-vitamina A é específico para programas sociais, como os de merenda escolar. O trabalho de transferência de tecnologia vem sendo feito pela Embrapa por meio da multiplicação de sementes biofortificadas pelas comunidades parceiras, cujos alimentos resultantes são utilizados em programas sociais, como o uso na merenda escolar e na dieta dessa população. Entre os impactos esperados estão o combate à desnutrição e à carência de nutrientes essenciais ao ser humano. Com a transferência dessa tecnologia, comunidades poderão ser beneficiadas com o consumo de alimentos mais nutritivos.

SERVIÇO

Lançamento da cultivar de milho BRS 4104, enriquecida em pró-vitamina A
LOCAL: Embrapa Milho e Sorgo (Rodovia MG 424, km 45, Sete Lagoas-MG)
EVENTOS: 6ª SIT (Semana de Integração Tecnológica) e Reunião da Rede Brasileira de Biofortificação. Informações em http://sit.cnpms.embrapa.br/ .
DATA: 20 de maio de 2013 (segunda-feira)
HORÁRIO: 11h30 às 13h, sendo:
11h30 às 12h: Palestra sobre alimentos biofortificados: inovação na agricultura para a nutrição
Auditório Renato de Oliveira Coimbra

12h às 13h: Visita à Vitrine de Tecnologias e lançamento da cultivar BRS 4104

Mais informações: Núcleo de Comunicação Organizacional (NCO) da Embrapa Milho e Sorgo, Unidade da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), vinculada ao Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento): (31) 3027-1905 ou cnpms.nco.geral@embrapa.br .

Texto: Guilherme Viana (MTb / MG 06566 JP)
Jornalista / Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG)
www.cnpms.embrapa.br
NCO (Núcleo de Comunicação Organizacional)
Tel.: (31) 3027-1905

Agroterapia avança com o Projeto BioFORT

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A agroterapia ganha força no Projeto Biofortificação de Alimentos – Projeto BioFORT, na versão transferência de tecnologias, liderado em rede nacional pela Embrapa Meio-Norte. As ações já chegaram às entidades que cuidam de dependentes químicos no Piauí e Maranhão. São treinamentos e o cultivo de produtos como feijão-caupi, batata-doce e mandioca.

No Piauí, estão implantadas unidades multiplicadoras do projeto na Fazenda da Paz – Luz e Vida, situada na comunidade Lagoa da Mata, a 22 quilômetros do centro de Teresina. No Maranhão, as ações do BioFORT estão mudando a vida de internos das comunidades terapêuticas Betesda, no povoado Gameleira; e Cordeiro de Deus, na localidade Perdidos, no município de Timon.

Os produtos, com altos teores de ferro, zinco e betacaroteno, estão melhorando a nutrição dos internos, que chegam às comunidades debilitados. Na Fazenda da Paz, são cultivados três hectares com o feijão-caupi, mandioca e batata-doce. A produção é consumida pelos internos. O excedente é comercializado para ajudar nas despesas da comunidade, segundo o agrônomo Rodolfo Sousa.

Responsável pelos treinamentos e orientação no cultivo das hortas, Rodolfo Sousa vê muito além do trabalho de recuperação dos dependentes químicos: “Eles têm a oportunidade de aprender uma profissão para ganhar a vida quando saírem daqui. O nosso objetivo é que eles encontrem um novo rumo na vida”.

Hoje, a entidade abriga 55 internos, na faixa etária de 14 a 29 anos. A maioria é de Teresina e usava crack. Eles passam no mínimo um ano envolvidos com atividades agrícolas, na chamada agroterapia. Nesse período, os internos recebem a formação em técnicas agrícolas. Por ano, em média, são formadas 90 pessoas que deixam a entidade preparadas para trabalhar na agricultura.

Encravada numa área de 69 hectares, na zona rural norte da capital do Piauí, a Orqanização Não Governamental Fazenda da Paz tem estrutura para manter até 180 internos. Construído pelo Governo do Estado e inaugurado em 2010, o prédio da entidade é moderno e bem dotado. Tem um centro educacional, ambulatório, auditório para 100 pessoas, cine teatro, capela, além de refeitório e alojamentos.

O mentor da ONG foi o padre Pedro Balzi, ex-pároco da comunidade Vila da Paz, na zona sul de Teresina. Mas a ideia saiu do papel e ganhou vida pelas mãos do terapêuta Célio Luiz Barbosa, de 52 anos. Em Teresina, a Fazenda da Paz é coordenada por Francisco Inácio e Roberto Nascimento. Este, que tem 28 anos, é um ex-interno. A entidade mantém mais duas unidades no município de Timon. As articulações da ONG são coordenadas por Fernando Rodolfo. A Fazenda da Paz – Luz e Vida é também parceira do Projeto BioFORT no fornecimento de sementes de feijão-caupi para as unidades multiplicadoras.

Atendimento à Mídia

Jornalista Fernando Sinimbu (654 MTb/PI)
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Mais unidades multiplicadoras de produtos biofortificados

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Mais quatro unidades multiplicadoras de produtos biofortificados foram implantadas nesta segunda-feira 6, durante um dia de campo na comunidade João Pereira, no município de José de Freitas, a 48 quilômetros ao norte de Teresina. As unidades serão trabalhadas com feijão-caupi, macaxeira e batata-doce.

Três estações marcaram a programação do evento, que foi promovido pela Embrapa Meio-Norte e o Centro Estadual de Educação Rural Firmo José da Cunha, através do Projeto BioFORT. A primeira, com o professor Fábio Nunes, abordou as técnicas de cultivo do feijão-caupi com as cultivares Aracê e Xiquexique.
A segunda, coordenada pelo professor Francisco Melo, focou as técnicas de cultivo de macaxeira. A terceira teve como tema técnicas de cultivo da batata-doce. O professor Roberval Dourado foi o palestrante. O dia de campo foi coordenado pelo analista Marcos Jacob, da Embrapa Meio-Norte; e o professor Francisco Cruz, diretor da Escola Firmo José da Cunha.

Jornalista Fernando Sinimbu
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BioFORT – SAA lança programa para fortalecimento da alimentação escolar

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A Secretaria de Agropecuária e Abastecimento (SAA) vai lançar nesta quinta-feira, 28, o programa BioFORT. Trata-se de um projeto para o fortalecimento da alimentação servida nas escolas, proporcionando melhor nutrição aos alunos. Inicialmente, o processo será feito através do feijão modificado geneticamente e enriquecido com o dobro de zinco e ferro, melhor absorvido pelo organismo.

O programa ajuda ainda a fortalecer os produtores rurais do município. As primeiras sementes são doadas aos agricultores. Na hora da colheita, o produtor oferece uma contrapartida de 1,5k por cada um quilo doado, e esse novo montante é direcionado pela prefeitura a outro produtor. Toda a produção é comprada pela PJF e destinada exclusivamente à alimentação escolar municipal.

O evento aconteceu a partir das 14h do dia 27 de fevereiro, no Centro de Treinamento Agropecuário (CTA), Bairro Linhares, e tem parceria com a Embrapa e a Emater.

* Informações com a Assessoria de Comunicação da SAA, pelo telefone 2104-7003.
Fonte: http://www.pjf.mg.gov.br/noticias/view.php?modo=link2&idnoticia2=37456

Planejamento de Biofortificação se inicia para América Latina e Caribe

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Colômbia tornou-se o palco para iniciar o planejamento de 2ª fase de biofortificação de cultivos básicos da região este ano.

Uma equipe multidisciplinar se reuniu durante a semana de 25 a 25 de fevereiro no Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT) e contribuíram com seus conhecimentos e experiências ao que será os planos de trabalho de HarvestPlus para a América Latina e Caribe (ALC) nos próximos anos no que se refere a biofortificação de cultivos básicos com maior concentração de nutrientes.

O work-shop Breeding Targets for biofortified crops in LAC countries (Definindo metas para cultivos biofortificados nos países da América Latina e Caribe) reuiniu países como Brasil, Colômbia, Perú, México, Nicarágua, Panamá e Estados Unidos e foi o espaço para planehar os desafios e alcances do melhoramento convencional de cultivos como o arroz, milho, mandioca, batata-doce e feijão, e seus impactos na saúde humana.

Para Marília Nutti, coordenadora do HarvestPlus ALC, o objetivo se cumpriu porque de forma eficaz se chegou a acordos sobre metas e atividades a desenvolver nesta segunda fase da biofortificação. “Discutimos informações valiosas e chegamos a propostas objetivas acerca do que trabalharemos nos próximos anos”, comemorou Marília.

Texto: Marlene Rosero Pabón (CIAT)
Fonte: Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT)
Tradução: Caio Fidry

BioFORT é entrevistado na Rádio CBN

Na última terça-feira, dia 8, a âncora Tania Morales, do programa CBN Total, entrevistou a líder da Rede BioFORT, Marília Nutti acerca dos esforços de biofortificação de alimentos no Brasil e no mundo. Confira a entrevista:

Fonte: http://cbn.globoradio.globo.com/programas/cbn-total/2013/01/08/ALIMENTOS-BIOFORTIFICADOS-PODEM-SER-ALIADOS-IMPORTANTES-NO-COMBATE-A-DESNUTRICAO-PRINC.htm

Biofortificação é destaque na 18ª Reunião da FAO/OMS

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Representantes de 28 países e observadores de diversas instituições manifestaram interesse pelo programa de biofortificação de alimentos durante a 18ª Reunião do Comitê Coordenador da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura/Organização Mundial da Saúde (FAO/OMS) para América Latina e o Caribe, realizada na cidade São José, Costa Rica, entre os dias 19 e 23 de novembro.

O interesse partiu do princípio de que a dieta básica destes países e dos já participantes do programa mundial de biofortificação de alimentos assemelha-se a muitos cultivos como apresentado na palestra “Biofortification: a sustainable way to improve nutrition and health (Biofortificação: uma forma sustentável de melhoria da nutrição e saúde)”, proferida por Marília Nutti, pesquisadora da Embrapa Agroindústria de Alimentos (Rio de Janeiro/RJ) e líder da rede BioFORT.

Uma das estratégias do BioFORT é reduzir e controlar as deficiências de micronutrientes na dieta da população mais carente, de modo que desenvolve culturas de alimentos por meio de um processo de cruzamento de plantas da mesma espécie com maiores teores de ferro, zinco e vitamina A. A escassez desses micronutrientes pode ocasionar anemia, cegueira, redução da capacidade de trabalho, problemas no sistema imunológico, retardo no desenvolvimento e até a morte.

O encontro ainda contou com a presença de autoridades costa-riquenhas: o vice-presidente Alfio Paiva, a Ministra da Agricultura e Pecuária, Glória Abrahams, e a Ministra da Economia, Indústria e Comércio, Mayi Antillión. Responsável pela abertura do evento, Paiva salientou em seu discurso a importância desses fóruns internacionais, como o Codex Alimentarius, para defender a segurança e qualidade dos alimentos, bem como as práticas justas no comércio internacional, promovendo a segurança alimentar e melhorias no estado nutricional da população local.

“Conquistamos nosso objetivo no momento em que a ideia da biofortificação passará a ser discutida em países que ainda não utilizam essa estratégia”, comemora Marília. “Na próxima reunião FAO, a biofortificação voltará à pauta e esperamos um feedback ainda mais positivo”. A 19ª Reunião do Comitê Coordenador da FAO/OMS para América Latina e o Caribe acontecerá no Brasil em 2014.

Texto: Tarcila Viana

Outras informações:
Pesquisadora Marília Nutti
Embrapa Agroindústria de Alimentos
(21) 3622 9755marilia@ctaa.embrapa.br

Jornalista Soraya Pereira (MTB 26165/SP)
Embrapa Agroindústria de Alimentos
(21) 3622 9739soraya@ctaa.embrapa.br

Experiência brasileira em biofortificação de alimentos é tida como exemplo no exterior

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A página do HarvestPlus, programa internacional para biofortificação de alimentos, com sede em Washington (EUA), publicou uma matéria sobre a experiência do Brasil que está conseguindo colocar na merenda escolar de alguns municípios alimentos mais ricos em vitamina A, ferro e zinco.

A matéria destaca o pioneirismo da iniciativa piloto e os resultados obtidos como exemplos para projetos similares conduzidos na América Latina, África e Ásia.

A experiência foi relatada durante a II Conferência Global para Pesquisa e Desenvolvimento da Agricultura (GCARD2), realizada em Punta del Este, Uruguai, de 29 de outubro a 1 de novembro. O evento reuniu especialistas para discutir o futuro da agricultura, as inovações em pesquisa e desenvolvimento e o envolvimento de pequenos agricultores.

De acordo com Marília Nutti, pesquisadora da Embrapa Agroindústria de Alimentos (Rio de Janeiro/RJ) e líder da Rede BioFORT (www.biofort.com.br), as parcerias entre prefeituras, escolas e produtores cria uma comunidade de benefícios mútuos. “A integração de alimentos biofortificados na merenda escolar é o futuro das melhores práticas em agricultura”, afirma.

No Brasil, existe uma regulamentação que permite a compra de até 30% dos produtos para a merenda escolar oriundas da agricultura familiar. Isto abre brecha para a inserção de alimentos biofortificados produzidos em cada região pela comunidade local.

Por meio das parcerias da Rede BioFORT isto já está acontecendo em Itaguaí (RJ) e em alguns municípios de Minas Gerais, Sergipe e Piauí. Municípios de outros Estados tem procurado a coordenação da Rede para também implementar o cultivo de alimentos biofortificados como arroz, feijão, feijão caupi, milho, mandioca, abóbora e batata-doce.

Para conferir a matéria na integra, entre no site do HarvestPlus (http://www.harvestplus.org/) ou no blog do GCARD2 (http://gcardblog.wordpress.com).

Outras informações:
Pesquisadora Marília Nutti ( marilia@ctaa.embrapa.br )
Embrapa Agroindústria de Alimentos
(21) 3622-9755

Jornalista Soraya Pereira (MTB 26165/SP)
Embrapa Agroindústria de Alimentos
(21) 3622-9739soraya@ctaa.embrapa.br

Mandioca Vitaminada

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Alimentos agrícolas mais ricos em vitaminas e nutrientes dos que os consumidos atualmente, como uma mandioca com 40 vezes mais vitamina A do que as comuns, por exemplo, já estão em testes finais de campo no Instituto Agronômico (IAC) de Campinas.

Também variedades de oito espécies alimentícias – abóbora, arroz, batata-doce, feijão, feijão-fradinho, milho, mandioca e trigo – mais ricas em ferro e zinco e com maior resistência a doenças e mudanças climáticas já estão no mercado ou em fase final de desenvolvimento na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Trata-se de um processo chamado biofortificação de alimentos, realizado por meio do método de melhoramento genético clássico, em que se buscam, cruzando diferentes variedades, plantas com, por exemplo, resistência a doenças, alta produção e boas características nutricionais com mais vitaminas e minerais. É um trabalho lento e demorado, que pode se estender por 10 a 15 anos.

Rede mundial

No caso da Embrapa, o projeto é mais amplo. A empresa participa de uma rede mundial, a HarvestPlus, que agrupa pesquisadores de vários países que trabalham na biofortificação de alimentos. “Utilizando técnicas de melhoramento genético clássico para obter variedades de cultivos com mais nutrientes, a biofortificação foi o meio encontrado pelos cientistas para melhorar a dieta de famílias pobres e dar alternativa de trabalho para pequenos produtores rurais em vários países do mundo”, explica Marília Regini Nutti, líder para o Brasil, América Latina e Caribe do HarvestPlus, e pesquisadora da Embrapa Agroindústria de Alimentos, com sede no Rio de Janeiro. “O objetivo é a obtenção de alimentos básicos mais nutritivos.”

O HarvestPlus surgiu em 2002 como uma iniciativa do Grupo Consultivo para a Pesquisa Agrícola Internacional (CGIAR, em inglês), com financiamento concedido pela Fundação Bill e Melinda Gates e outros doadores. Hoje o projeto é coordenado pelo Centro Internacional de Agricultura Tropical (Ciat) e pela International Food Policy Research Institute (IFPRI), um instituto fundado em 1975 com o objetivo de encontrar soluções para suprir a necessidade de alimentos nos países em desenvolvimento de maneira sustentável. O HarvestPlus conta com mais de 200 cientistas agrícolas e de nutrição em todo o mundo.

No Brasil, o projeto teve início em 2003, coordenado pela Embrapa e hoje é parte da Rede BioFORT, que congrega mais de 150 profissionais em diferentes áreas do conhecimento em 11 estados. “Por meio dessa rede que a Embrapa criou, interagimos com universidades, centros de pesquisa nacionais e internacionais, associações de produtores, governo, prefeituras e organizações não governamentais”, explica Marília. “O BioFORT tem como objetivo diminuir a desnutrição e garantir maior segurança alimentar, por meio do aumento dos teores de ferro, zinco e vitamina A na dieta da população mais carente.” São oito produtos agrícolas que estão sendo biofortificados pela Embrapa. A meta é produzir variedades de abóbora e milho com altos teores de carotenoides e outros precursores de vitamina A; arroz, feijão-caupi, trigo e feijão com grande concentração de ferro e zinco (o último também com grande resistência à seca); e mandioca e batata- -doce mais ricas em betacaroteno. “Até o momento, desenvolvemos e lançamos 10 cultivares, dos quais três de mandioca e um de batata-doce com maiores teores de betacaroteno, três de feijão-caupi e três de feijão comum mais ricos em ferro e zinco”, conta Marília. “Demoramos cerca de cinco a seis anos para desenvolver cada um, todos por melhoramento genético convencional, sem transgenia.”

Acervo cultural

O trabalho do IAC e da Embrapa não se limita, no entanto, ao desenvolvimento de novas plantas. As duas instituições atuam também para difundi-las entre os agricultores e, por consequência, para a população. “Os projetos HarvestPlus e BioFORT levam em conta todo processo de alimentação do cidadão, desde o momento em que o alimento é produzido até a mesa do consumidor”, diz Marília. “Com esse intuito, considera e analisa a receptividade dos produtores nas comunidades rurais em relação às novas variedades. Para isso, é importante que elas, além dos ganhos nutricionais, apresentem vantagens agronômicas e comerciais.” Com esse objetivo, a Embrapa trabalha em colaboração com diversos países da América Latina, como, por exemplo, o Panamá e a Colômbia. Também já enviou alguns cultivares para teste de adaptação no Haiti e colabora com os países da África e Ásia por intermédio do HarvestPlus.

Alimentos biofortificados podem funcionar como um instrumento inovador para a melhoria da qualidade de vida da população mais pobre, como foi o caso do cultivar IAC 576-70. “O primeiro segmento a ser focalizado foi o de baixa renda, residente na periferia urbana, originada de áreas rurais, em consequência da migração provocada pela modernização da agricultura, na década de 1970”, diz Teresa. “Essas pessoas trouxeram consigo sua cultura, as sementes e o conhecimento das plantas. Dessas espécies, a mais importante foi a mandioca.” De acordo com Teresa, com isso chegou à periferia das áreas urbanas um grande acervo genético, acompanhado pelo conhecimento popular sobre plantas acumulado por séculos, que, se nada fosse feito, seria rapidamente perdido com o passar das gerações e a integração dos filhos dos migrantes à cultura urbana.

Veja a matéria completa: http://revistapesquisa.fapesp.br/2012/10/11/mandioca-vitaminada/

Texto: Evanildo da Silveira
Foto: Léo Cunha

Alimentos biofortificados na merenda escolar

Alimentos mais nutritivos, com conteúdo aumentado de alguns nutrientes relacionados a problemas nutricionais pelas suas deficiências na dieta comum das populações, estão sendo inseridos no cardápio da merenda escolar de escolas da rede pública dos estados de Minas Gerais, Sergipe e Maranhão.

São os chamados alimentos biofortificados, que possuem concentrações aumentadas de ferro, zinco e vitamina A. Para falar sobre o Projeto Biofortificação, o Prosa Rural desta semana convidou a cientista de alimentos da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG), Maria Cristina Dias Paes.

“No Projeto Biofortificação, o que tem sido feito é o melhoramento das plantas, no sentido de obter, por exemplo, no grão de milho, na batata-doce, na abóbora, no feijão e no arroz quantidades aumentadas daqueles nutrientes que são importantes para a saúde humana”, destaca a especialista que, durante sua participação no programa, detalha os processos de pesquisa dentro do projeto.

Em mais de sete anos, pesquisadores de onze unidades da Embrapa já conseguiram obter mandioca e batatas-doce com altos teores de betacaroteno, um composto que é convertido em vitamina A no corpo humano (pró-vitamina A), além de cultivares de arroz, feijão e feijão-caupi com maiores teores de ferro e zinco. Aos poucos, essas variedades estão chegando aos roçados das comunidades rurais e escolas de Sergipe, Maranhão e Minas Gerais.

O projeto brasileiro de biofortificação de alimentos – BioFORT – trabalha o melhoramento genético convencional de alimentos básicos como arroz, feijão, milho, mandioca, feijão-caupi, batata-doce, abóbora e trigo. O objetivo é obter alimentos com maior teor de ferro, zinco e pró-vitamina A para ajudar no combate à anemia e à deficiência de vitamina A – hipovitaminose A, que podem ocasionar baixa resistência do organismo e problemas de visão.

“Em populações onde são consumidos somente alimentos básicos, como o feijão, o arroz e o milho, existem situações onde as pessoas apresentam deficiências de ferro – o que causa a anemia, e de vitamina A – que em seu grau mais elevado pode vir a causar a cegueira em crianças. Portanto, se conseguirmos fornecer alimentos que contribuam para a prevenção dessas doenças ou que ajudem a tratá-las, teremos um ganho significativo”, afirma Maria Cristina.

Quem também participa do Prosa Rural desta semana é o técnico da Emater de Capim Branco, em Minas Gerais, Adenilson de Freitas. Na entrevista concedida ao programa, ele explica como os agricultores estão realizando o plantio desses alimentos biofortificados, dentre eles a batata-doce, o milho, a mandioca e o feijão.

Segundo a secretária municipal de Educação desse município, Francesca Chiara Reis Sanches, o objetivo é fazer com que a prefeitura adquira esses produtos diretamente de agricultores familiares para oferecer na merenda. No total, poderão ser beneficiados cerca de mil alunos de cinco escolas públicas da cidade.

Outras cidades de Minas também começam a manifestar interesse em levar os alimentos biofortificados para programas semelhantes, em que crianças poderão ser beneficiadas. É o caso de Patrocínio, no Alto Paranaíba.

Produtos derivados e embalagens que conservam os nutrientes também estão sendo desenvolvidos. O BioFORT é coordenado pela Embrapa Agroindústria de Alimentos (Rio de Janeiro-RJ) e conta com as seguintes Unidades da Empresa: Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG), Arroz e Feijão (Santo Antônio de Goiás-GO), Cerrados (Planaltina-DF), Semi-Árido (Petrolina-PE), Soja (Londrina-PR), Hortaliças (Brasília-DF), Meio-Norte (Teresina-PI), Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas-BA), Trigo (Passo Fundo-RS) e Tabuleiros Costeiros (Aracaju-SE).

O BioFORT está ligado ao programa HarvestPlus que forma e financia redes internacionais de pesquisa em biofortificação de alimentos na América Latina, Ásia e África.

Saiba mais sobre esse assunto no Prosa Rural, programa de rádio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. O programa conta com o apoio do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

Baixe o resumo da matéria (áudio):
http://hotsites.sct.embrapa.br/prosarural/programacao/2012/alimentos-biofortificados-na-merenda-escolar/RELEASE%2037%20S.mp3

Baixem a matéria (áudio):
MP3 – Alimentos biofortificados na merenda escolar