Trigo mais nutritivo

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A Embrapa Trigo trabalha há mais de quatro anos para aumentar a qualidade nutricional do trigo. A pesquisa faz parte do projeto Biofort Brasil, que reúne dez unidades da Embrapa na integração com uma rede de pesquisas espalhadas na América Latina, África e Ásia, com financiamento dos programas AgroSalud e HarvestPlus.

De acordo com o pesquisador Pedro Scheeren, a seleção de genótipos de trigo busca plantas com mais teor de ferro e zinco. A deficiência de ferro nas crianças impede o desenvolvimento físico e mental, além de causar anemia em gestantes. Já o ácido fólico, formado a partir do zinco, é necessário para a formação de anticorpos, prevenindo a má formação do tubo neural, estrutura precursora do cérebro e da medula espinhal.
O uso de suplementos e aditivos químicos nos alimentos (fortificação de farinhas) ou a melhoria natural dos teores de compostos químicos de interesse, via os chamados alimentos nutracêuticos, têm sido as alternativas para a solução do problema. “O ferro e o ácido fólico são ingredientes funcionais, que repõem perdas nutricionais que ocorrem durante a moagem para produção da farinha de trigo. Parte destes nutrientes é perdida também durante etapas do processamento dos alimentos, como na fritura, assamento ou cozimento”, explica a pesquisadora da Embrapa Trigo, Martha Miranda.
Em 2010, programa de biofortificação do trigo selecionou cultivares 50 com melhor valor nutritivo. Apesar do avanço, a previsão da Embrapa Trigo é chegar a uma cultivar de biofortificada somente no prazo de dois anos. A dificuldade, segundo o pesquisador Pedro Scheeren, está em gerar cultivares que atendam tanto as demandas do consumidor, como qualidade industrial e nutricional, como do produtor, que exige cultivares com bom potencial produtivo e resistência a pragas e doenças.
REUNIÃO EM TERESINA
A IV Reunião de Biofortificação no Brasil está confirmada para o período de 10 a 15 de julho deste ano, no centro de convenções do Rio Poty Hotel, em Teresina. São esperados pelo menos 200 participantes entre pesquisadores brasileiros e estrangeiros, que são membros da rede de biofortificação no Brasil, América Latina e Estados Unidos; ligados à cadeia de produção do arroz, abóbora, feijão, feijão-caupi, mandioca, milho, batata-doce e trigo.

Devem participar também professores, estudantes, extensionistas, técnicos de agroindústrias e empresários. O comitê técnico-científico do evento prevê, no mínimo, a apresentação de 100 trabalhos na forma de pôsteres. Os trabalhos serão publicados na forma de resumos expandidos nos Anais da reunião. Eles serão disponibilizados em CD-ROM e no site do Projeto BioFort.

Joseani M. Antunes é jornalista da Embrapa Trigo
(54)3316.5800
joseani@cnpt.embrapa.br
Foto: Paulo Kurtz