Embrapa, MDA, MDS e Consea discutem o programa de biofortificação brasileiro

Reunião - Abertura para Perguntas

No dia 15 de março, foi realizado no auditório da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em sua sede em Brasília, um encontro com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), diante da necessidade de um fortalecimento do diálogo com essas instituições no que tange aos projetos de biofortificação no Brasil. Procurou-se esclarecer questões sobre melhoramento convencional, multiplicação de sementes, avaliações nutricionais e preferências de consumo.

“Como eu venho da área de antropologia, meu interesse maior é na dimensão cultural. Além de termos que assegurar uma alimentação diversificada que atenda as necessidades nutricionais, nós temos que assegurar o direito ao gosto, temos que nos perguntar o que dizem as crianças, as pessoas que consomem de modo geral.”

Ressalta a presidente do Consea, Maria Emília Pacheco.

O programa de biofortificação brasileiro é configurado a partir de um grupo de projetos denominados, em conjunto, como Rede BioFORT, cujo principal objetivo é fortalecer a segurança nutricional em regiões e comunidades mais necessitadas pelo país. Por meio de melhoramento convencional, cultivares de arroz, feijão, batata-doce, mandioca, milho, feijão-caupi, abóbora e trigo são selecionados e cruzados, sem a adesão de técnicas transgênicas, para a geração de variedades contendo maiores teores de pró-vitamina A, ferro e zinco, combatendo assim a deficiência de micronutrientes no organismo humano, a popular fome oculta, que dentre as doenças provocadas, estão a anemia e a cegueira noturna.

Reunião - Apresentação de Dra. Marília Nutti Ao final de 2012, com o início das atividades de transferência de tecnologia de biofortificados no Brasil, foi possível começar a desenvolver uma aproximação com os potenciais consumidores desses alimentos. Foram alcançados resultados nas regiões nordeste, sudeste e sul do Brasil, onde a coordenadora da Rede BioFORT na América Latina e Caribe, e também pesquisadora da Embrapa Agroindústria de Alimentos, Marília Nutti, destaca a implantação de 120 Unidades Demonstrativas, cujo material coletado é destinado às famílias de produtores rurais dos municípios conveniados e à merenda escolar.

Em 2015, alguns estudos de consumo desses alimentos puderam ser concluídos e, assim, mostrar com maior clareza o nível de aceitação em crianças, jovens e agricultores familiares. A cidade de Itaguaí, no estado do Rio de Janeiro, foi alvo de uma pesquisa com 327 alunos de idades entre 4 e 12 anos, regularmente matriculados em três escolas municipais, onde responderam questionários para uma de avaliação de aceitação com variedades biofortificadas e convencionais inseridas na alimentação escolar. Constatou-se que a população do estudo foi predominantemente das classes D-E, residentes em zona rural, sendo a dieta habitual marcada pela presença de alimentos básicos, sendo assim, foram utilizadas na pesquisa em questão, cultivares biofortificadas de mandioca, batata-doce, milho e feijão.

As variedades biofortificadas foram tão aceitas quanto as convencionais, levando o estudo a concluir que a biofortificação constitui uma alternativa viável para a alimentação escolar de Itaguaí. Outro estudo concluído no mesmo ano, feito em seis municípios do estado do Piauí, tomou como base entrevistas realizadas com 50 famílias de comunidades rurais, em que se optou por avaliar a receptividade do feijão-caupi biofortificado, BRS Aracê (feijão verde). Mais de 90% dos entrevistados afirmaram terem gostado da cor, do sabor e das propriedades culinárias, e que voltariam a plantar o feijão caupi. Em relação às características agronômicas, as diferenças de cultivo entre o BRS Aracê e outras cultivares de feijão foram consideradas mínimas pelas famílias que fizeram parte do estudo. Alguns produtores destacaram que a variedade necessitava de uma quantidade menor de água.

“O BioFORT é mais um projeto dentro de uma constelação, hoje extremamente diferenciada na Embrapa. Nossa ideia é que possamos disponibilizar esse material para a sociedade, e não nos apropriarmos dele para fins exclusivos de negócios, pois são materiais identificados dentro da nossa biodiversidade, com muitos, inclusive, já encontrados dentro do nosso banco de germoplasma.”

Analisa o diretor executivo de transferência de tecnologia da Embrapa, Waldyr Stumpf Junior.

Experiências no sul do país vêm comprovando, ainda, uma forte adesão de agricultores agroecológicos.

“No Rio Grande do Sul, temos dialogado e trabalhado com comunidades indígenas e camponesas. Nessas realidades a biofortificação vem crescendo sem prejuízo a diversidade cultural e biológica mantida pelos agricultores. Outros cuidados referem-se às práticas agroecológicas, a inclusão social e produtiva, além da questão de gênero e de geração.”

Conclui o analista da Embrapa Clima Temperado, Alberi Noronha.

A expectativa é que outros encontros entre essas instituições federais aconteçam na forma de seminários, workshops e até dias de campo, como forma de ampliar a discussão do avanço da segurança alimentar na sociedade brasileira.

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HarvestPlus apresenta workshop sobre alimentos biofortificados em El Salvador

Workshop

Representantes do programa de pesquisas HarvestPlus, estiveram presentes na última semana no Centro Nacional de Tecnologia Agropecuária e Florestal “Enrique Álvarez Córdova” (CENTA), onde apresentaram trabalhos e avanços da pesquisa com biofortificados em El Salvador. A abertura do evento foi feita pelo diretor do CENTA, Rafael Alemán; o gerente de pesquisa e desenvolvimento tecnológico, Manoel Osorio; além do fitomelhorista de milho do CENTA, Héctor Deras, que enfatizou ser essa a primeira oficina de trabalho no país da América Central, capaz de reunir universidades, órgãos nacionais, internacionais, não-governamentais e outros mais. Todos com direcionamento de trabalho voltado para a segurança alimentar e nutricional de El Salvador.

Nos avanços apresentados por especialistas do “Programas de Grãos Básicos do CENTA”, destacou-se a variedade de feijão, “Ferromás”, de semente roxa, com alto potencial de rendimento, tolerante as principais pragas e doenças, superando as sementes crioulas em conteúdo de ferro e zinco. Os especialistas do Laboratório de Tecnologia de Alimentos do CENTA, chamaram atenção para o já iniciado desenvolvimento de produtos à base de farinha de feijão “Ferromás”, tais como biscoitos, nachos, cremes e tortas.

Os especialistas falaram também a respeito das sementes de milho, inclusive, das três variedades de grão branco pesquisadas pela instituição agropecuária. São elas “Platino”, “Oro Blanco” e “Protemás”, todos com alta quantidade proteica, representando assim uma alternativa como fonte de proteína de baixo custo para ajudar na resolução dos problemas de desnutrição. A partir dos milhos “Protemás” foram elaborados produtos como biscoitos, bebidas biofortificadas, tortas, pães, todos degustados por crianças em idade escolar e capacitadas pelo projeto “Produção, procedimento e consumo de alimentos biofortificados e com alto teor nutricional em Centros Escolares de El Salvador (PACSES)”

Os discursos não deixaram de lado o milho amarelo do CENTA, nomeado de “Dorado”, variedade de polinização livre de alta qualidade proteica, utilizada para forragem e cultivada em diferentes classes de solo e zonas do país, sendo assim uma rica fonte em betacaroteno e aminoácidos essenciais (Lisina e Triptofano), tanto para alimentação humana quanto animal (espécies pequenas).

Representantes do governo federal salvadorenho deixaram claro que, por meio do CENTA, haverá continuidade nas ações de fortalecimento da agricultura e comprometimento com a segurança alimentar nacional.

Mais sobre o HarvestPlus

O HarvestPlus conduz um esforço global para a melhoria da nutrição vitamínica e mineral, assim como da saúde pública, através do cultivo e da disseminação de culturas de alimentos da dieta básica ricos em vitaminas e minerais. O trabalho é realizado com diversos parceiros em mais de 40 países. O HarvestPlus faz parte do Programa de Pesquisa em Agricultura para a Nutrição e Saúde do CGIAR (A4NH). O CGIAR é uma parceria global de pesquisa em agricultura para um futuro alimentar seguro. As suas atividades científicas são realizadas pelos seus 15 centros de pesquisa, em colaboração com centenas de organizações parceiras. O programa HarvestPlus é coordenado por duas dessas organizações: o Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT) e o Instituto Internacional de Pesquisa em Política Alimentar (IFPRI).

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Alimentos biofortificados da Embrapa estão entre os cultivos produzidos pelos primeiros cooperados de Itaguaí-RJ

A Embrapa Agroindústria de Alimentos participou da inauguração da COOPAFIT – Cooperativa dos Agricultores Familiares de Itaguaí, ocorrida na quinta-feira (07/01) durante evento que contou com a participação de autoridades locais, como o prefeito Weslei Pereira Continue lendo

Biofortificação vira política de governo no Maranhão

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Na última semana, durante a 2ª edição da Feira da Agricultura Familiar e Agrotecnologia do Maranhão (Agritec), o Secretário de Agricultura Familiar do estado, Adelmo Soares, discursou sobre os incentivos garantidos aos pequenos produtores para estimular a produção agrícola, principalmente na Região dos Cocais, território esse composto por 17 municípios, com uma população total de cerca de 750 mil habitantes, dos quais 30% vivem em áreas rurais (11.739 famílias assentadas), segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Inseridos nesse cenário, estão os cultivares biofortificados desenvolvidos pela Embrapa, que vêm sendo cada vez mais procurados pela população de agricultores familiares por possuírem maiores teores de ferro, zinco e pró-vitamina A obtidos a partir de cruzamento convencional, além de maior capacidade produtiva. Continue lendo

HarvestPlus organiza Simpósio no Congresso Latino-Americano de Nutrição

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Com público de mais de 60 participantes, o HarvestPlus apresentou, recentemente, novas evidências de benefícios nutricionais e funcionais dos cultivos biofortificados em um simpósio organizado durante o XVII Congresso Latino-Americano de Nutrição (SLAN 2015).

Pesquisadores altamente reconhecidos apresentaram quatro palestras sobre estudos e evidências com milho, feijão, batata-doce, trigo e milheto em países como África e Ásia. A abertura da reunião foi realizada pelo Coordenador de Nutrição do Harvest Plus, Erick Boy, que disse que a biofortificação é uma estratégia complementar que, junto com a outras que são desenvolvidas nos países, pode ajudar no combate a deficiência de micronutrientes. Ele acrescentou que a biofortificação busca integrar a agricultura e a nutrição, e que há estudos que evidenciam seu impacto e a importância de promover o consumo de variadas culturas na alimentação diária, de modo que se possa alcançar um maior consumo de nutrientes.

O simpósio ainda pode contar com a presença de outros palestrantes internacionais como Jere D. Haas, da Universidade de Cornell, EUA, que falou de um estudo de ferro com feijão e milheto em Ruanda e na Índia; Amanda Palmer, da Universidade Johns Hopkins, EUA, sobre a vitamina A da batata-doce em Moçambique e na Zâmbia; Michel Zimmermann, do Instituto Federal Suíço de Tecnologia, ETH Zurique, na Suíça, a partir de um estudo de zinco para o trigo no México, milheto na Índia e milho na Zâmbia, e Luis Augusto Becerra, um pesquisador do Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT), que explicou como que, através de melhoramento convencional, é feito o aumento de micronutrientes em culturas, como a mandioca.

Texto de Marlene Rosero

Governo do Maranhão dá sinal verde para ampliação da biofortificação no estado

Foto por Raphael Santos - Reunião - Cópia

Na última quinta-feira (06/11), o Secretário de Agricultura Familiar do estado do Maranhão, Adelmo Soares, se reuniu com os líderes da Rede BioFORT, Marília Nutti e José Luiz Viana de Carvalho, além do chefe de P&D da Embrapa Agroindústria de Alimentos, Esdras Sundfeld. Durante o encontro, ambas as partes se mostraram entusiasmadas com o futuro do trabalho envolvendo cultivos biofortificados no Maranhão. Dentre as metas estabelecidas estão o atendimento da demanda por essas cultivares, garantia de compra de sementes, acompanhamento técnico, iniciar os campos de multiplicação, avaliação de participação junto com comunidades quilombolas e organização de um evento de apresentação da biofortificação à população do estado. Continue lendo

Especialistas internacionais em segurança nutricional afirmam ser promissor o trabalho brasileiro de biofortificação

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No último dia da V Reunião de Biofortificação no Brasil, especialistas ligados a instituições de pesquisa com biofortificação puderam avaliar e tecer comentários sobre os trabalhos com cultivares biofortificados, nas diferentes áreas de pesquisa como melhoramento, biofortificação agronômica, nutrição e produtos, transferência de tecnologia e avaliação de impacto. Wolfgang Pfeiffer (International Tropical Agriculture Center / HarvestPlus), Ross Welch (United States Department of Agriculture / Agricultural Research Service), Erick Boy (HarvestPlus), Yery Mendoza (Nestle Research Center), Jere Haas (Universidade de Cornell), Carolina Gonzalez (International Tropical Agriculture Center), Manfred Zeller (HarvestPlus), Delia Amaya (International Union of Food Science and Technology), Meike Andersson (International Tropical Agriculture Center / HarvestPlus), Eliab Simpungwe (HarvestPlus) e Parminder Virk (International Crops Research Institute for the Semi-Arid Tropics) apontaram para os resultados já conquistados, principalmente na criação de demanda das variedades biofortificadas e na ampliação da atividades, assim como de parcerias, na região Nordeste do pais. Dentre os aspectos a serem aprimorados, estão a estimulação cada vez mais da compra voluntária de sementes e da formação, ainda inédita, de políticas públicas e sociais relacionadas a biofortificação.

Yery Mendoza, pesquisador do Centro de Pesquisa da Nestlê, na Suíça, encara a biofortificação como uma das alternativas sustentáveis e saudáveis para suprir a demanda ocasionada pelo crescimento populacional. “Para os alimentos biofortificados atingirem uma produção em escala comercial é questão de tempo. A Nestlê, o setor privado em geral, irá desempenhar o papel de levar o alimento para a mesa das pessoas, criando canais seguros para a comercialização desses produtos”. Conclui o Dr. Mendoza.

A pesquisadora da Embrapa Agroindústria de Alimentos, Marília Nutti, acredita que nos encontros com as equipes dos programas de biofortificação de outros países, é fundamental poder ouvir experiências de sucesso, como o caso de Ruanda, onde aproximadamente meio milhão de agricultores são responsáveis por produzir variedades de feijões ricos em ferro. Ela que também é líder do programa de biofortificação brasileiro (Rede BioFORT), afirma ser de extrema importância os resultados positivos alcançados com os estudos de eficácia. “O Dr. Erick Boy mostrou diversos exemplos de pesquisas comprovando os benefícios dessas variedades melhoradas tradicionalmente. A ingestão de batata-doce quase dobrou o nível de vitamina A no organismo de indivíduos em alguns países, sem falar na redução da prevalência e duração de diarreia em crianças com deficiência desse micronutriente, fato ocorrido em Moçambique.”

No dia 20 de outubro, alguns especialistas do evento formaram uma comissão estrangeira, que junto dos representantes da Rede BioFORT, se encontraram com o Prefeito de Magé, Nestor Vidal, no Rio de Janeiro, para um dia de campo no município, onde puderam observar uma unidade demonstrativa com variedades biofortificadas de batata-doce, milho, feijão e mandioca. Houve espaço para a troca de experiência com agricultores locais e explicações do trabalho realizado com a Secretaria de Agricultura, e das próximas ações que devem incluir a Secretaria de Educação, como a incorporação desses alimentos na merenda escolar.

Mais sobre a Rede BioFORT

A Rede BioFORT é responsável por englobar todos os projetos de biofortificação de alimentos no Brasil, sendo atualmente coordenada pela Embrapa. Dentre suas parcerias, está a principal, feita com a instituição de pesquisa HarvestPlus, uma aliança de instituições de pesquisa que atuam na América Latina, África e Ásia com recursos financeiros da Fundação Bill e Melinda Gates, Banco Mundial e agências internacionais de desenvolvimento. A Rede BioFORT conta ainda com projetos financiados pela Embrapa, CNPq, e diversas fundações estaduais de suporte a pesquisa. A partir da utilização da técnica de melhoramento genético convencional, é selecionado e aumentado o conteúdo de micronutrientes dos seguintes cultivares: arroz, feijão, batata-doce, mandioca, milho, feijão-caupi, abóbora e trigo. Novas culturas são geradas contendo maiores teores de pró-vitamina A, ferro e zinco, fortalecendo assim o combate à deficiência de micronutrientes no organismo humano, a popular fome oculta, que dentre as doenças provocadas, estão a anemia e a cegueira noturna. A Rede BioFORT não trabalha com alimentos transgênicos.

Mais informações sobre o HarvestPlus

O HarvestPlus conduz um esforço global para a melhoria da nutrição vitamínica e mineral, assim como da saúde pública, através do cultivo e da disseminação de culturas de alimentos da dieta básica ricos em vitaminas e minerais. Trabalhamos com diversos parceiros em mais de 40 países. O HarvestPlus faz parte do Programa de Pesquisa em Agricultura para a Nutrição e Saúde do CGIAR (A4NH). O CGIAR é uma parceria global de pesquisa em agricultura para um futuro alimentar seguro. As suas atividades científicas são realizadas pelos seus 15 centros de pesquisa, em colaboração com centenas de organizações parceiras. O programa HarvestPlus é coordenado por duas dessas organizações: o Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT) e o Instituto Internacional de Pesquisa em Política Alimentar (IFPRI).

Plantar para nutrir, inovar para desenvolver

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Refletindo sobre a incondicional certeza dita por Neil deGrasse Tyson, ao classificar a inovação em ciência e tecnologia como o motor mais eficiente de crescimento econômico já inventado no decorrer dos séculos, me pego lendo a recém divulgada declaração conjunta do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil e do Departamento De Agricultura Dos Estados Unidos. O documento expõe logo de início a previsão do aumento de 70% da produção global de alimentos nos próximos 25 anos, estimando um total de aproximadamente nove bilhões de pessoas até 2050 a serem alimentadas. As linhas seguintes do texto encarregam-se de anunciar a união de ambos os países em prol da busca por novas tecnologias, visando primordialmente a necessidade humana por segurança alimentar e nutricional, em um contexto sustentável. Sem dúvida, uma postura que ao momento evoca coerência e responsabilidade, uma vez que vem procurando assumir o compromisso que Brasil e Estados Unidos hoje possuem como maiores produtores mundiais de alimentos.

Garantir uma dieta que vá além da eliminação da fome, capaz de permitir um ganho nutricional relevante para o indivíduo é o principal desafio que tange as diretrizes tomadas pela agenda internacional de cooperação das nações dentro do statos quo. O Brasil encabeça o pioneirismo agrícola científico no desenvolvimento de variedades melhoradas naturalmente, responsáveis por ser uma das chaves, dentre outras no chaveiro que, irá não só alimentar, mas nutrir uma em cada quatro pessoas a mercê de sintomas que vão desde cegueira noturna, anemia, osteoporose e até diarreia, todos indícios de fome oculta.

A inovação inserida na agricultura e na saúde tem seu progresso ocupando espaço em periódicos e expandindo seu apelo, biofortificação é sua alcunha. Trata-se de uma técnica de melhoramento genético convencional, não existindo qualquer ocorrência de processos transgênicos, com tudo se resumindo a uma série de seleções e cruzamentos entre plantas da mesma espécie, originando assim variedades com maiores teores de vitaminas e minerais.

Falar de biofortificação em solo tupiniquim, automaticamente nos enverga para mandiocas, batatas, feijões e tantas outras cultivares presentes na refeição diária, excluindo-se alimentos turísticos ao paladar nacional.

Climas secos acompanhados de áreas inférteis clamam por culturas de potencial agronômico elevado. Adaptabilidade alta é fundamental para o sustento e a condição humanitária mínima permanecer com garantias dentro de uma família piauiense, nordestina, brasileira e sulamericana. Indo mais longe, colocamos ainda nesse cenário, países africanos e asiáticos, localidades onde uma semente germine sustento e qualidade de vida.

Em 2014, alimentos biofortificados pautaram estudos de eficácia, em seguida obtendo resultados animadores ao comprovarem a significativa melhora no estado nutricional dos consumidores avaliados. Mulheres em Ruanda, puderam experimentar o feijão melhorado e conseguir  ter os níveis de ferro aumentados, alimentando não só o organismo como também a capacidade física para o exercício. Na Zâmbia, o milho, rico em pró-vitamina A, beneficiou a visão noturna infantil. A Índia utilizou o milheto biofortificado como fonte de estudo para chegar a conclusão que a cultivar ingerida por crianças em idade escolar, não só erradica a deficiência de ferro em seis meses, como também melhora seus processos cognitivos e a capacidade para atenção na sala de aula.

Salientar o reforço que um alimento carrega para o desenvolvimento de uma comunidade ou indivíduo é uma atitude viciante quando o saldo é imensuravelmente positivo para quem tem pressa em sair de um quadro de insegurança nutricional. Preceitos iluministas tendem a andar lado a lado com nossa motivação científica de levar esclarecimento à turbidez, em convergência com a demanda da sociedade pelo desenvolvimento.

 

Raphael Santos
Jornalista da Rede BioFORT

Guatemala lança oficialmente seu programa de biofortificação de alimentos

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Depois de quase dois anos de esforço, a Guatemala pôde finalmente lançar a Plataforma BioFORT, criada justamente para ser o programa de biofortificação de alimentos do país. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Alimentação (MAGA) oficializou ontem (12/08) o início das atividades da plataforma, que será responsável pelas ações de melhoramento convencional de cultivares, sendo mais um ator contribuindo para a redução da deficiência nutricional na América Latina e Caribe.

Como parte das ações do Governo da Guatemala para o desenvolvimento rural, o MAGA visa promover a biofortificação de sementes, especialmente milho e feijão, além de hortaliças como, por exemplo, a batata-doce, para fomentar a produção de alimentos de forma sustentável.

Espera-se que com o melhoramento dos grãos seja possível produzir variedades de fácil adaptação a variações climáticas, pois de acordo com o ministro do MAGA, Sebastian Marcucci, esse tem sido um problema recorrente na Guatemala nos últimos anos. “Sabemos que, além das mudanças no clima, o país tem problemas nutricionais, mas esperamos superá-los com conhecimento, tecnologia, instituições e colaboradores dispostos a eliminar a fome oculta e melhorar a nutrição dos guatemaltecos.”

Através do link abaixo, você pode conferir o que mais foi falado pelo ministro durante o evento.

Entrevista Sebastian Marcucci

A Plataforma BioFORT será liderada pelo Instituto de Ciência e Tecnologia Agrícola (ICTA), tendo sido formalizada através da assinatura de um acordo entre várias instituições, como o Ministério de Segurança Alimentar e Nutricional (Sesan), o Programa Alimentar Mundial (PAM) e a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), entre outros. Além disso, durante a atividade ressaltou-se a importância do milho como fonte alimentar e de desenvolvimento da Guatemala, comemorando o Dia Nacional de Milho, celebrado em 13 de agosto e instituído pelo Congresso no ano passado.

Fonte: Agência Guatemala de Notícias

Embrapa realiza oficina para merendeiras na Expo Itaguaí

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A Embrapa Agroindústria de Alimentos, em parceria com a Prefeitura de Itaguaí, promoveu no fim de julho a oficina Delícias Biofortificadas durante a Expo Itaguaí, feira de exposição mais famosa da região. O público alvo do treinamento foram as merendeiras da rede pública municipal de ensino, que puderam se capacitar com novas técnicas culinárias usando a cultivar biofortificada como base de preparo.

A oficina foi ministrada pela nutricionista Carolina Cláudio, responsável pelas avaliações de aceitabilidade e experimentos em produtos biofortificados em Itaguaí, e aconteceu em dois turnos para que pudesse atender o número de profissionais inscritas. Carolina pode conversar com as participantes sobre a importância da presença dos cultivares biofortificados na alimentação de crianças com deficiência nutricional, além de contar as experiências obtidas durante sua pesquisa de mestrado intitulada “Aceitação de Produtos Agrícolas Biofortificados na Merenda Escolar do Município de Itaguaí- RJ”, realizada nas escolas públicas do município que possuem os biofortificados no cardárpio da merenda escolar.

Dentre todas as receitas ensinadas durante a oficina, o pão de queijo de batata doce biofortificada foi o que despertou maior curiosidade entre as presentes. Feito unicamente de uma mistura da batata doce biofortificada, polvilho doce e azedo e leite, a receita não leva queijo, mas o paladar continua o mesmo do convencional. A merendeira Rosineide de Castro, da Escola Municipal Pref. Isoldackson Cruz de Brito, pensa em levar a ideia para o cardápio escolar:

– Eu achei a oficina excelente, e essa ideia do pão de queijo com batata é maravilhosa. Com certeza vou dar essa ideia para a merenda escolar, é prático e nossos alunos vão amar! – conta Rosineide.

A oficina também contou com a presença do analista da Embrapa Agroindústria de Alimentos, Roberto Machado, relembrando a importância das boas práticas na cozinha e tirando todas as dúvidas que surgiram sobre o assunto.

Texto e foto: Tarcila Viana