Relatório anual do Harvest Plus já está disponível online

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O Harvest Plus acaba de disponibilizar para consulta online o seu relatório anual de resultados. O documento expõe os objetivos alcançados nos diferentes continentes em que estão sendo desenvolvidos projetos de biofortificação de alimentos.

A América Latina teve como destaque o Brasil, que teve suas atividades de transferência de tecnologia iniciadas em 2013, e assim conseguiu computar cerca de 2.500 famílias beneficiadas por essas culturas melhoradas, dando um total de 10.000 pessoas (média de quatro integrantes por família).

As parcerias firmadas com escolas públicas pelo país, também garantiram o acesso a esses alimentos para um número aproximado de 4.500 crianças e jovens.

O relatório, na íntegra, pode ser conferido aqui.

Novo estudo constata que a batata-doce biofortificada de polpa laranja reduz diarreia em crianças que sofrem de deficiência em vitamina A

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Um novo estudo realizado em Moçambique foi capaz de afirmar que a batata-doce biofortificada (polpa alaranjada) reduziu tanto a prevalência quanto a duração de diarreia em crianças. Essa cultivar, popularmente conhecida como batata-abóbora, é convencionalmente melhorada para fornecer mais vitamina A na dieta alimentar. Na África, mais de 40 por cento das crianças menores de cinco anos estão dentro da estimativa de risco em deficiência de vitamina A. Isso, consequentemente, aumenta as chances de desenvolvimento de sintomas como a diarreia, que é uma das principais causas de mortalidade em crianças, levando mais de 350.000 a falecerem na África a cada ano.

Outros estudos demonstraram que a suplementação de vitamina A reduz a incidência da diarreia infantil, particularmente em crianças subnutridas (deficiência de vitamina A) ou que sofrem de infeções graves. Este trabalho de investigação recentemente publicado é o primeiro a demonstrar que uma abordagem baseada em alimentos agrícolas pode melhorar a saúde de crianças com menos de cinco anos de idade. O estudo revelou que há uma redução de 42 por cento na probabilidade dessas crianças virem a sofrer de diarreia. As crianças com menos de três anos que comeram a batata-doce biofortificada tiveram a diarreia reduzida em mais da metade (52 por cento).

O impacto dessa cultivar não está apenas na redução do sintoma, mas também na sua duração. Todas as crianças que haviam comido batata-doce biofortificada na semana anterior tiveram reduzida a duração de diarreia em mais de 10 por cento (crianças com menos de cinco anos) e em mais de 25 por cento (crianças com menos de três anos).

“O beta-caroteno presente no alimento é convertido em vitamina A no mesmo dia em que é ingerido”, diz o Dr. Erick Boy, chefe do departamento de nutrição do HarvestPlus, programa global que visa a melhoraria nutricional e que financiou a pesquisa no campo. “Esta vitamina A é utilizada pelas células que revestem o intestino para ajudar na criação de uma barreira protetora contra os germes invasores. Estas células são continuamente regeneradas em períodos de poucos dias, significando que as células que foram fragilizadas devido à falta de vitamina A rapidamente são substituídas por células saudáveis, quando existe uma quantidade suficiente desse micronutriente. Note-se que o acesso a água potável e saneamento, a imunização direcionada e o aleitamento materno também são importantes para ajudar a prevenir a diarreia”.

Tal estudo também concluiu que houve um maior impacto na redução da diarreia em crianças com mães instruídas, que são provavelmente mais capazes de compreender os benefícios que a batata-doce biofortificada tem para a saúde, e também de alterar o regime alimentar das crianças.

“Os suplementos de vitamina A e os alimentos ricos em vitamina A, como a batata-doce de polpa alaranjada, podem fornecer vitamina A suficiente. Numa perspectiva de saúde pública, estes são complementares — individualmente, nenhum é capaz de chegar a todas as crianças que necessitam de vitamina A”, afirma Alan de Brauw, Investigador Principal do Instituto Internacional de Pesquisa em Política Alimentar. “Mas os suplementos de vitamina A podem ser caros, chegando aos 2,71 dólares por dose. Reduzir essa deficiência a nível global recorrendo apenas a suplementos custaria quase três bilhões de dólares por ano. A utilização desse alimento para fornecer vitamina A representa uma fração desses custos. Tendo em conta a popularidade da batata-doce alaranjada — as crianças, em especial, adoram o sabor — pensamos que esta é uma solução sustentável para a melhoria da nutrição e da saúde infantil em muitos países, devidamente complementada pelos suplementos, naturalmente, onde estes tenham uma boa relação custo-benefício”.

As principais entidades financiadoras do HarvestPlus são o Governo do Reino Unido; a Fundação Bill & Melinda Gates; a iniciativa Alimentar o Futuro (Feed the Future) do Governo dos EUA.; a Comissão Europeia; e os doadores do Programa de Pesquisa em Agricultura para a Nutrição e Saúde do CGIAR, do qual o HarvestPlus faz parte.


Artigo de jornal sobre o comunicado de imprensa

Utilizar a agricultura para melhorar a saúde infantil: Promoção da batata-doce de polpa alaranjada reduz a diarreia

Disponibilizado com acesso livre e gratuito

Mais informações sobre o HarvestPlus

O HarvestPlus conduz um esforço global para a melhoraria da nutrição vitamínica e mineral, assim como da saúde pública, através do cultivo e da disseminação de culturas de alimentos da dieta básica ricos em vitaminas e minerais. Trabalhamos com diversos parceiros em mais de 40 países. O HarvestPlus faz parte do Programa de Pesquisa em Agricultura para a Nutrição e Saúde do CGIAR (A4NH). O CGIAR é uma parceria global de pesquisa em agricultura para um futuro alimentar seguro. As suas atividades científicas são realizadas pelos seus 15 centros de pesquisa, em colaboração com centenas de organizações parceiras. O programa HarvestPlus é coordenado por duas dessas organizações: o Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT) e o Instituto Internacional de Pesquisa em Política Alimentar (IFPRI).

Vídeos e fotografias

Resultados de pesquisa: A batata-doce de polpa alaranjada reduz a diarreia infantil

Entrevista aos agricultores: Batata-doce de polpa alaranjada

Erradicar a fome

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Disponibilizado com acesso livre e gratuito pelo HarvestPlus

Responsável pela matéria: Vidushi Sinha, HarvestPlus. Washington, D.C. v.s.vidushi@cgiar.org Tel.: +1 202-862-4686

Embrapa aponta os avanços da biofortificação no RS

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O analista Apes Perera (Embrapa Clima Temperado), coordenador das ações do projeto no Rio Grande Sul, palestrou durante o 5° Simpósio de Segurança Alimentar, organizado pela Sociedade Brasileira de Ciência e Tecnologia de Alimentos do Rio Grande do Sul (sbCTA-RS), ocorrido entre os dias 26 e 29 de maio, na cidade Bento Gonçalves-RS. Ele falou sobre as ações da Rede BioFORT no estado, que começaram a ser desenvolvidas em meados de 2014, e já garantiram o acesso aos alimentos biofortificados para aproximadamente 680 famílias em 27 unidades demonstrativas. A pesquisadora Marília Nutti (Embrapa Agroindústria de Alimentos) também participou do evento abordando o panorama geral da biofortificação, explicando detalhadamente o processo, os avanços e as atuações em todo o país e no mundo.

Apes Perera comentou que através de pesquisas realizadas para implementação do projeto no Sul, foi comprovado que o estado possui um grupo em risco nutricional, encontrados principalmente em comunidades indígenas e quilombolas da região. E salientou a importância de implementar a biofortificação sem interferir na questão dos hábitos culturais da alimentação desses grupos, quesito importante no ponto de vista de aceitação, ou seja, eleger apenas cultivares que fazem parte da comunidade alvo.

– Nós identificamos comunidades indígenas em que 50% das crianças, que representam cerca de 10 mil crianças do Rio Grande do Sul, possuem uma condição elevada de anemia, o que compromete todo o seu crescimento e desenvolvimento. E foi com base nesses dados alarmantes com relação a nutrição, que me propus a trazer a biofortificação para a região. – conta Perera.

O simpósio teve como objetivo proporcionar um espaço de discussão sobre temas atuais ligados a segurança alimentar, sendo abordados através de cinco enfoques que englobam toda a complexidade do assunto: Saúde do Alimento, Saúde do homem, Saúde do ambiente, Saúde da sociedade e Saúde do futuro. E foi durante a discussão do primeiro segmento (Saúde do Alimento), na manhã do dia 27, que os presentes puderam conhecer um pouco mais sobre a finalidade e as ações da Rede BioFORT.

Um stand lounge, mediado pelo co-líder da Rede BioFORT e pesquisador da Embrapa Agroindústria de Alimentos, José Luiz Viana de Carvalho, foi cedido pela produção do evento para que fossem expostos materiais promocionais, como vídeos e folders, além de variedades biofortificadas, permitindo aos participantes do simpósio terem a oportunidade de conversar e obter maiores informações sobre o projeto.

Estudo revela que alimentos biofortificados são tão aceitos quanto convencionais na merenda escolar de Itaguaí-RJ

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Uma avaliação de aceitação com variedades biofortificadas e convencionais inseridas na alimentação escolar do município de Itaguaí, no Rio de Janeiro, foi realizada através de um questionário preenchido após a merenda, onde os alunos expressavam o grau de satisfação ou insatisfação da refeição oferecida. Os resultados revelaram que não houve diferença significativa entre a cultura biofortificada e a convencional para nenhum dos produtos estudados.

O estudo teve como objetivos: caracterizar a população estudada; avaliar a aceitação dos alimentos biofortificados inseridos na merenda escolar (aipim, batata doce, feijão e milho) e comparar com os produtos convencionais; avaliar a aceitação das refeições na qual os alimentos (biofortificado e convencional) estiveram inseridos; investigar o padrão de consumo de alimentos em geral pela população alvo; avaliar o índice de aceitabilidade das distintas culturas convencionais e biofortificadas e caracterizar quimicamente os alimentos avaliados.

Responderam o questionário 327 alunos com idades entre 4 e 12 anos, regularmente matriculados no Ensino Fundamental atendidos em horário integral de três escolas municipais, são elas: E.M. Santa Rosa, E.M. Pedro Antônio Aguiar e E.M. Renato Gonçalves Martins.  Constatou-se que a população do estudo foi predominantemente das classes D-E, residentes em zona rural, sendo a dieta habitual marcada pela presença de alimentos básicos como o arroz, feijão, leite, pão, frutas, verduras e legumes. Sendo assim, foram utilizadas na pesquisa em questão, cultivares biofortificadas de mandioca, batata-doce, milho e feijão.

O feijão e o bolo de milho (biofortificado e convencional) alcançaram o índice de aceitabilidade adequado segundo as recomendações do Fundo Nacional de Desenvolvimento Escolar para serem introduzidos na merenda escolar. Ressalta-se que o Índice de Aceitabilidade do bolo de milho biofortificado foi superior ao convencional.

A pesquisa sensorial foi utilizada como dissertação de mestrado intitulada “Aceitação de Produtos Agrícolas Biofortificados na Merenda Escolar do Município de Itaguaí- RJ”, tendo sido defendida pela estudante de mestrado e bolsista da Rede BioFORT, Carolina Claudio de Oliveira Silva,  ao Programa de Pós-Graduação em Ciência de Alimentos da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Segundo a mestranda, o resultado do estudo sugere que a biofortificação constitui uma alternativa viável para este município e, além disso, trará benefícios para a escola, para os alunos e para as famílias, contribuindo com a melhoria na qualidade nutricional das crianças.

Trabalhando na Rede BioFORT desde 2010, Carolina Claudio é hoje responsável pelas avaliações de aceitabilidade e experimentos em produtos biofortificados no município de Itaguaí-RJ, conta que a ideia da pesquisa de mestrado foi uma iniciativa da pesquisadora da Embrapa Agroindústria de Alimentos, Marília Nutti, que também é a líder da Rede BioFORT e coordenadora de projetos de biofortificação na América Latina e Caribe. A dissertação contou com a orientação da pesquisadora Rosires Deliza (Embrapa Agroindústria de Alimentos).

Pinheiral-RJ recebe visita da Rede BioFORT

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O pesquisador da Embrapa Agroindústria de Alimentos e um dos coordenadores da Rede BioFORT, José Luiz Viana, foi ontem (21/05) ao município de Pinheiral-RJ para participar de uma reunião com o Prefeito José Arimathéa  e realizar uma visita técnica à produtores rurais da região.

Durante o encontro na Prefeitura, as pautas abordadas foram as próximas estratégias para o envio de novas sementes de cultivares biofortificados como o milho e o feijão, além do relatório de impacto socioeconômico que será feito em breve pela Embrapa com o objetivo de avaliar os resultados de produtividade das culturas biofortificadas entre os produtores cadastrados.

Pelos arredores do município, ocorreram visitas às propriedades rurais dos agricultores, Ronaldo Diniz, José Natalino da Silva e Devaldi de Oliveira. A esposa de seu Devaldi, Dona Maria José de Oliveira, ainda recebeu das mãos do pesquisador José Luiz Viana a segunda edição do livro “Receitas Biofortificadas”.

O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ – Campus Nilo Peçanha) também teve sua plantação de biofortificados visitada, onde pôde se conferir o sucesso da variedade de milho – BRS 4104.

Embrapa vai promover a biofortificação de alimentos durante simpósio em Bento Gonçalves-RS

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A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) teve a participação confirmada na 5ª edição do Simpósio de Segurança Alimentar, a ser realizada durante o período de 26 a 29 de maio, em Bento Gonçalves-RS. A pesquisadora da Embrapa Agroindústria de Alimentos, Marília Nutti, apresentará, dia 27, uma palestra técnica, junto com o analista da Embrapa Clima Temperado, Apes Perera, sobre as ações envolvendo a biofortificação de alimentos no Sul do Brasil.

O evento ainda terá a engenheira de alimentos, Rosires Deliza, também pesquisadora da Embrapa Agroindústria de Alimentos apresentando a palestra “Alimentação e bem-estar: Percepção do consumidor”, no segundo dia do encontro.

Um stand-lounge será montado para que os interessados possam conhecer melhor os projetos de biofortificação de alimentos do Brasil, comumente chamados de Rede BioFORT.

O simpósio visa oferecer um espaço de discussão sobre temas ligados à segurança alimentar, de modo a fomentar o desenvolvimento crítico e promover diferentes pontos de vistas sobre o assunto. Serão abordados cinco enfoques, os quais já estão definidos pela Comissão Organizadora, são eles: Saúde do Alimento, saúde do homem, saúde do ambiente, saúde da sociedade e saúde do futuro.

A Sociedade Brasileira de Ciência e Tecnologia de Alimentos – Regional RS, é a responsável por promover o evento, com o apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, da Universidade Federal de Santa Maria, da Universidade Federal da Fronteira Sul, da Universidade Federal de Pelotas e da Fundação de Ciência e Tecnologia – CIENTEC.

Milheto biofortificado reverte deficiência de ferro em crianças, aponta estudo

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Um novo estudo, realizado na India,  indicou que o milheto biofortificado (mais rico em ferro) foi capaz de reverter a deficiência de ferro no período de seis meses em crianças com idade escolar. Em apenas quatro meses, os níveis de ferro aumentaram significativamente.

Anteriormente  o mesmo milheto demonstrou prover ferro o suficiente para atender às necessidades diárias em crianças indianas com menos de 3 anos que apresentavam deficiências, e ainda superaram em mais de 70 por cento as necessidades diárias de mulheres adultas vivendo no país de Benin.

A falta de ferro prejudica o desenvolvimento cognitivo e comportamental em crianças e a capacidade dos adultos para o trabalho, além de provocar anemia, que é responsável por aumentar os riscos para as mulheres no parto, levando muitas vezes à morte.

Apesar dos esforços para conter a deficiência desse micronutriente através de suplementos e alimentos fortificados, tal deficiência continua sendo a de caráter nutricional mais comum no mundo, afetando 1,6 bilhão de pessoas.

A biofortificação é uma abordagem pioneira do HarvestPlus, programa global focado em segurança nutricional, que vem desenvolvendo cultivares melhorados convencionalmente com o objetivo de reduzir a deficiência de vitaminas e minerais, popularmente chamada de fome oculta. No Brasil, os projetos de biofortificação de alimentos são coordenados pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), sob a alcunha de Rede BioFORT, cuja liderança é exercida pela pesquisadora Marília Nutti e a vice-liderança pelo pesquisador José Luiz Viana, ambos da Embrapa Agroindústria de Alimentos.

O milheto é comido diariamente por mais de 50 milhões de pessoas nas regiões semi-áridas da Índia e por milhões de pessoas no centro-sul da África (região saariana). A variedade de milheto rica em ferro utilizada neste estudo foi desenvolvida em parceria com o Instituto Internacional de Pesquisa em Colheitas para os Trópicos Semiáridos (ICRISAT, em inglês) na Índia. Neste estudo recém-publicado, crianças em idade escolar entre 12 a 16 anos, muitas com deficiência de ferro, se alimentaram do milheto sob a forma de bhakhri (pão de massa fina e crocante, sem fermento) no almoço e jantar. A alimentação de milheto melhorou significativamente o seu estado nutricional em quatro meses, em comparação com o milheto comum. As crianças que eram deficientes de ferro no início e comeram o milheto bhakhri biofortificado foram 1.6 vezes mais propensas a ter resolvido a sua deficiência do micronutriente em comparação com aquelas que comeram bhakhri feito a partir de milheto convencional.

De acordo com Dr. Jere Haas, professor emérito do departamento de nutrição da Universidade de Cornell, quem liderou o estudo, “Mais de 40 por cento dessas crianças em idade escolar apresentavam deficiência de ferro no início da avaliação. Nós agora temos evidências claras de que a alimentação com o milheto biofortificado, para aumentar os níveis de ferro no organismo de estudantes do ensino médio, funciona. ”

Dr. Erick Boy, chefe de nutrição do HarvestPlus,diz: “Este é o primeiro estudo que mostra que um alimento naturalmente rico em ferro pode reverter a deficiência desse mineral em um curto período de tempo. A quantidade de ferro naturalmente prevista no alimento  foi semelhante aos suplementos de ferro, então podemos afirmar que estes resultados são comparáveis aos suplementos, e melhores do que as farinhas fortificadas com ferro. ”

Estes resultados corroboram com o estudo de eficácia nutricional realizado e financiado pelo HarvestPlus nas Filipinas, onde os níveis de ferro aumentaram nas mulheres que comeram arroz biofortificado. A variedade de milheto biofortificado utilizada neste estudo, ICTP-8203Fe, é conhecida como Dhanashakti, o que significa prosperidade e força. Sua comercialização teve início em 2012, no estado de Maharashtra, na Índia, pela organização parceira do HarvestPlus, Nirmal Seeds. Dezenas de milhares de agricultores plantaram essa nova variedade rica em ferro que também possui maior quantidade de zinco, alto rendimento e tolerância à doenças e seca.

Mais sobre o milheto
O milheto é um cereal cultivado em grande parte nas regiões propensas a secas da África e da Ásia, onde ele tem rendimento melhor do que outros cereais. Originário da zona do Sahel, na África Ocidental a cerca de 5.000 anos atrás, o milheto foi introduzido na Índia a aproximadamente 3.000 anos atrás, e no sul e leste da África a aproximadamente 2.000 anos atrás. É um alimento básico importante nas regiões mais secas da África Subsaariana, especialmente na Nigéria, Níger, Mali e Burkina Faso. Na Índia, cerca de 50 milhões de pessoas principalmente nos estados de Rajasthan, Maharashtra, Gujarat, Haryana e Uttar Pradesh contam com o milheto como um alimento básico na dieta alimentar do país. Sua tolerância à seca, calor e salinidade do solo, além de sua alta eficiência na utilização da água faz com que seja um cultivar de alta produtividade. Dado o seu elevado teor de proteínas e minerais, de alta fibra alimentar e proteína sem glúten, a área sob cultivo de milheto deverá aumentar no futuro.

Mais sobre o HarvestPlus
O HarvestPlus age em escala global para melhorar a segurança nutricional, através do desenvolvimento e implantação de produtos alimentares básicos ricos em vitaminas e minerais. Trabalhando com diversos parceiros em mais de 40 países, o HarvestPlus é parte do Programa de Pesquisa em Agricultura (CGIAR) para a Nutrição e Saúde (A4NH). O CGIAR é uma parceria em pesquisa agrícola global com o objetivo de assegurar um futuro sustentável em alimentos. Sua ciência é realizada por seus 15 centros de pesquisa em colaboração com centenas de organizações parceiras. O programa HarvestPlus é coordenado por dois desses centros: o Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT) e do Instituto Internacional de Pesquisa sobre Políticas Alimentares (IFPRI).

O artigo apontando os resultados do estudo podem ser conferidos na íntegra, através do link:
http://jn.nutrition.org/content/early/2015/05/06/jn.114.208009.full.pdf
A Randomized Trial of Iron-Biofortified Pearl Millet in School Children in India.

HarvestPlus e colaboradores movimentam encontros sobre melhoramento de cultivos na Guatemala

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Ao todo, 60 colaboradores membros do HarvestPlus, reuniram-se a fim de avaliar os resultados de 2014 e discutir as atividades e os planos para os próximos anos. A reunião também contou com a presença de Fidel Ponce, Vice-Ministro de Segurança Alimentar da Guatemala (MAGA – Ministério de Agricultura, Pecuária e Alimentação), que assegurou a importância do programa de biofortificação no país e o compromisso do Ministério em promover essas atividades, a fim de combater os problemas nutricionais.

A reunião incluiu países como Brasil, Colômbia, Belize, Haiti, Guatemala, Nicarágua, Honduras, El Salvador e Panamá. Teve início no último domingo, dia 03 de maio de 2015, na Guatemala, como aquecimento para a participação do HarvestPlus no LX Programa Cooperativo Centroamericano el Melhoramento de Cultivos y Animales (PCCMCA), fórum que durou de 04 a 07 de maio. O encontro permitiu a troca de informações sobre os avanços das atividades desenvolvidas pelos associados e colaboradores em cada área de conhecimento, bem como as dificuldades presentes durante o desenvolvimento de suas tarefas.

Durante o PCCMCA, os diferentes grupos de trabalho do HarvestPlus puderam trocar, complementar e ajustar o planejamento para o desenvolvimento e liberação de variedades em diferentes países projetados pelos melhoristas para 2015 e 2016. Foi possível reconhecer quando alguns dos países terão culturas promissoras a serem avaliadas no campo, junto com os agricultores, e também as perspectivas quanto a projeção para liberação comercial, a quantidade de retenção, o nível de consumo e os estudos de impacto a serem realizados e quais análises de micronutrientes serão necessárias para investigar o valor nutricional dos cultivos em diferentes países.

A cerimônia de abertura do PCCMCA foi presidida por Sebastián Ruiz, Ministro de Agricultura da Guatemala; Diego Recalde, representante da Organização das Nações Unidas para a Agricultura (FAO, em inglês); Keith Andrews, do Instituto de Cooperação para a Agricultura (IICA); Henry Schmick, representante da Agencia para o Desenvolvimento Internacional (USDA) e Marilia Nutti, coordenadora do HarvestPlus na América Latina e Caribe.

Representantes da Rede BioFORT procuraram disseminar o conteúdo das atividades realizadas no Brasil perante o público presente no encontro. Palestras foram realizadas tendo como temas a “Melhora da Oferta de Ferro e Zinco na Alimentação de Indígenas no Sul do Brasil”, apresentada por Apes Perera (Embrapa Clima Temperado); “Avaliação de Batata-doce Biofortificada no Brasil, ministrada por Alexandre Mello (Embrapa Hortaliças) e “Melhorando Agricultura, Melhorando Nutrição, proferida por Marília Nutti, que além de coordenadora do HarvestPlus na América Latina e Caribe, é líder da Rede BioFORT e pesquisadora da Embrapa Agroindústria de Alimentos.

Os colaboradores do HarvesPlus apresentaram 20 estudos no evento. 13 desses eram apresentações orais e 7 eram cartazes.

Além disso, dois mini-cursos sobre arroz, feijão, mandioca e melhoramento de milho foram dados por pesquisadores do Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT, em espanhol) e pelo Centro Internacional de Melhoramento de Milho e Trigo (CIMMYT, em espanhol); além de uma conferência-chave sobre a pesquisa nutricional e o impacto biológico de alimentos biofortificados, ministrada por Erick Boy.

Embrapa e HarvestPlus participam de tradicional conferência internacional para definir estratégias no avanço da biofortificação na América Latina e Caribe

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Pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) irão participar da LX Reunião Anual do Programa Cooperativo Centroamericano para Melhoramento Vegetal e Animal (PCCMCA, em espanhol), durante o período de 04 a 07 de maio, na Guatemala. Alexandre Furtado (Embrapa Hortaliças), Marília Nutti (Embrapa Agroindústria de Alimentos), José Luiz Viana de Carvalho (Embrapa Agroindústria de Alimentos) e Apes Perera (Embrapa Clima Temperado) também estarão presentes no encontro de colaboradores da rede de instituições de pesquisa, HarvestPlus, organizado para ocorrer nos fins de tarde da semana, quando se encerra a programação da LX Reunião Anual do PCCMCA. Estão planejadas discussões para avaliar os resultados obtidos em 2014 e as estratégias de atividades envolvendo biofortificação em 2015, com foco nas ações de transferência de tecnologia, segurança nutricional, melhoramento, impacto socioeconômico e comunicação na América Latina e Caribe.

Os que estiverem presentes na conferência do PCCMCA poderão assistir aos 20 resultados de projetos de pesquisa, sendo 13 de caráter oral e 7 pôsteres. Dois minicursos de melhoramento convencional de arroz, feijão, mandioca e milho serão ministrados pelos pesquisadores do Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT, em inglês) e do Centro Internacional de Melhoramento de Milho e Trigo (CYMMIT, em inglês), ainda haverá também uma palestra de pesquisa nutricional e impacto biológico de alimentos biofortificados, conferida pelo coordenador de nutrição do HarvestPlus, Erick Boy. Técnicos agrícolas, empresários, produtores, estudantes e docentes do setor agropecuário também são esperados para o evento.

A pesquisadora Marília Nutti, que também é líder da Rede BioFORT acredita que as reuniões servirão para impulsionar o trabalho realizado no continente. “A América Latina, junto da região caribenha, vem conseguindo bons resultados na inserção de biofortificados na agricultura familiar e no comércio local. Em nossa recente visita à América Central, mais precisamente em Belize, pudemos comprovar as excelentes perspectivas que os produtores, que já produzem biofortificados, têm com essas variedades”, conclui a pesquisadora.

Biofortificação aumenta combate contra a fome oculta em Minas Gerais

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A biofortificação, técnica de melhoramento convencional que permite o aumento de minerais e vitaminas em alimentos básicos à saúde humana, ajudará no combate à deficiência nutricional no município de Monte Carmelo-MG. A Universidade Federal de Uberlândia (UFU) firmou uma parceria com a Embrapa Milho e Sorgo com o objetivo de transferir essa tecnologia à agricultores familiares e ainda criar uma unidade demonstrativa na própria UFU – Campus Monte Carmelo, promovendo a vivência e experimentação de processos da agrobiodiversidade focados em resgate, caracterização, avaliação, seleção, produção e conservação de sementes crioulas e biofortificadas de variedades de milho, feijão, mandioca e batata-doce fornecidas pela Embrapa.

As ações pretendem beneficiar toda a região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba que é formada por 66 municípios e se configura como um dos espaços mais modernos de produção agropecuária em Minas Gerais. “Serão desenvolvidos Dias de Campo com o intuito de motivar os agricultores de comunidades e assentamentos rurais a desenvolver sistemas agroecológicos e sustentáveis, além de promover cursos de capacitação para a formação de multiplicadores”, conta a professora, Ana Carolina Siquieroli, principal responsável das atividades da UFU envolvendo biofortificados no município de Monte Carmelo. A alimentação escolar também será beneficiada na cidade, tendo em média 1200 alunos consumindo biofortificados comprados de pequenos produtores pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). A Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (EMATER-MG), a Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente e a Cáritas Diocesana de Paracatu (Organização Não-Governamental) atuam também como parceiras no avanço da disseminação e popularização desses alimentos pela região.

No Brasil, já foram lançadas variedades biofortificadas de batata-doce, mandioca, feijão comum, milho e feijão-caupi. Estão em processo de melhoramento cultivares de trigo, abóbora e arroz. Aproximadamente 2500 famílias das regiões Nordeste, Sudeste e Sul do Brasil já experimentaram os benefícios desses alimentos ricos em pró-vitamina  A, ferro e zinco.

A líder da Rede BioFORT e pesquisadora da Embrapa Agroindústria de Alimentos, Marília Nutti, foi recentemente homenageada durante a reunião de 25 anos de fundação do ILSI (International Life Sciences Institute) Brasil por fazer parte do primeiro conselho científico e de administração, responsável pela origem e crescimento do instituto. As atividades envolvendo biofortificados no Brasil têm sido temas de discussão em fóruns e workshops internacionais, aproximando países da África, Ásia, América Latina e Caribe, a partir de troca experiências e transferência de tecnologia, fortalecendo assim a cooperação sul-sul.