Quais são as unidades da Embrapa que fazem parte da Rede BioFORT?

Dezesseis centros de pesquisa da Embrapa fazem parte da Rede BioFORT, são eles:

  • Embrapa Agroindústria de Alimentos
  • Embrapa Arroz e Feijão
  • Embrapa Cocais
  • Embrapa Hortaliças
  • Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical
  • Embrapa Meio-Norte
  • Embrapa Milho e Sorgo
  • Embrapa Semiárido
  • Embrapa Tabuleiros Costeiros
  • Embrapa Trigo
  • Embrapa Transferência de Tecnologia
  • Embrapa Cerrados
  • Embrapa Clima Temperado
  • Embrapa Pantanal
  • Embrapa Amazônia Oriental
  • Embrapa Produtos e Mercados

Também integram essa aliança, quatro unidades centrais da Embrapa Sede, em Brasília, são elas:

  • Departamento de Transferência de Tecnologia
  • Secretaria de Comunicação da Embrapa
  • Secretaria de Negócios da Embrapa
  • Secretaria de Relações Internacionais da Embrapa

Qual a importância em se combater a fome oculta?

A deficiência de micronutrientes como ferro e zinco e de vitamina A constituem sérios problemas de saúde pública nos países em desenvolvimento. Dietas com escassez de ferro e zinco podem ocasionar anemia, redução da capacidade de trabalho, problemas no sistema imunológico, retardo no desenvolvimento e até a morte. A anemia ferropriva é, provavelmente, o mais importante problema nutricional no Brasil. As fontes mais importantes de ferro para a população brasileira são feijão e carnes vermelhas. Embora a deficiência de zinco não seja tão estudada como a de ferro, considerando-se que os alimentos fonte destes dois nutrientes são os mesmos (sabe-se que fontes ricas em ferro biodisponível também são ricas em zinco biodisponível), é de se esperar uma alta incidência também para esta deficiência. A vitamina A é um micronutriente essencial para o bom funcionamento da visão e do sistema imunológico do organismo humano, sendo que sua deficiência tem provocado a cegueira em milhares de crianças no mundo. Depois das crianças, as mães, as lactantes e os idosos são as principais vítimas da desnutrição.

Qual o impacto da fome oculta no mundo?

A fome oculta é responsável por debilitar mais de 2 bilhões de pessoas em todo o mundo. Segundo os últimos dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), 48% das crianças no mundo com menos de cinco anos de idade apresentam anemia (deficiência de ferro) e 30% possuem deficiência em vitamina A. No Brasil, os números também são altos, tendo 55% das crianças com menos de cinco anos de idade apresentando deficiência de ferro e 13% com deficiência em vitamina A.

Qual é a estratégia da Rede BioFORT?

A estratégia atual para combater a desnutrição nos países em desenvolvimento tem como enfoque o fornecimento de suplementos vitamínicos e minerais para mulheres grávidas e crianças, além da fortificação de alimentos. Entretanto, a biofortificação faz sentido como parte de um enfoque que considere um sistema alimentar integrado para reduzir a desnutrição. A biofortificação ataca a raiz do problema da desnutrição, tem como alvo a população mais necessitada, utiliza mecanismos de distribuição já existentes, é cientificamente viável e efetiva em termos de custos, além de complementar outras intervenções em andamento para o controle da deficiência de micronutrientes. É, em suma, um primeiro passo essencial que possibilitará que famílias carentes melhorem de uma maneira sustentável, sua nutrição e saúde.

Um alimento biofortificados é melhor do que um medicamento controlado de aumento de vitaminas e minerais?

A vantagem de consumir o alimento biofortificado é que as concentrações não são tóxicas ou cumulativas e os indivíduos passam a não ter de usar medicamentos para solucionar o problema nutricional (ex: distribuição de cápsulas de vitamina A e sulfato ferroso). Essa distribuição, além de ser de elevado custo, nem sempre é eficiente onde o sistema de saúde é precário. Em longo prazo, o consumo de alimentos biofortificados permite que a deficiência nutricional vá sendo reduzida e as consequências da falta do nutriente sendo prevenida.

Como funcionam as etapas para obtenção de alimentos biofortificados?

No campo, as cultivares são selecionadas e as mais promissoras seguem para a etapa de melhoramento. Nessa etapa, o objetivo é a obtenção de cultivares mais nutritivas, que também apresentem boas qualidades agronômicas (produtividade, resistência à seca, pragas e doenças), além de boa aceitação de mercado. Ao mesmo tempo, nos laboratórios da Embrapa e das universidades vinculadas ao projeto, estão sendo iniciados os estudos sobre biodisponibilidade para estimar se o organismo humano consegue absorver os micronutrientes presentes nas cultivares melhoradas. Com o aval dos Comitês de Ética das universidades, os pesquisadores estão avaliando a aceitação aos alimentos mais nutritivos, como em Sergipe, onde mandioca, batata-doce e feijão-caupi já estão sendo testados na merenda escolar. Outras equipes do projeto buscam o desenvolvimento de produtos com maior valor agregado (pães, snacks e farinhas pré-cozidas para sopas instantâneas e mingaus), que ampliam a oferta de alimentos mais nutritivos. Outra etapa igualmente importante é o desenvolvimento de soluções tecnológicas para a conservaçao dos micronutrientes. Por isso, através de parcerias, o BioFORT trabalha no desenvolvimento de embalagens para, principalmente, garantir a conservação dos micronutrientes nos produtos processados.

Existem evidências que confirmem o alto impacto dos cultivares biofortificados?

A batata-doce biofortificada tem provocado um aumento significativo do consumo de Vitamina A entre mulheres e crianças de Moçambique e Uganda. Para crianças de 6 à 35 meses, a vitamina A provinda da batata-doce biofortificadas corresponde a 78% do total de vitamina A consumida em Moçambique. Estudos também mostraram um aumento dos níveis de vitamina A no sangue. Uma porção (equivalente a uma bola de sorvete) de batata-doce biofortificada pode suprir a quantidade necessária de vitamina A que uma criança de 5 anos precisa em um dia.

Outros dados revelam os benefícios encontrados pelas mulheres de Benim (África). Menos de 160 gramas de farinha de milho muído rica em ferro é suficiente para conferir às mulheres beninenses com idade entre 18-45 anos mais de 70% da capacidade diária necessária de ferro.

Como é a relação com o consumidor?

O projeto se preocupa com todo processo de alimentação do cidadão, desde o momento em que o alimento é produzido até a mesa do consumidor. Com esse intuito, considera e analisa a receptividade dos produtores nas comunidades rurais em relação as novas cultivares. Para isso é importante que as novas cultivares, além dos ganhos nutricionais, apresentem vantagens agronômicas e comerciais. É imprescindível que os alimentos da biofortificação tenham boa aceitação entre os consumidores e seus nutrientes estejam biodisponíveis para que os objetivos do projeto sejam alcançados. Dessa maneira, será possível para a população de baixa renda ter acesso a uma alimentação mais nutritiva de forma sustentável e com baixo custo. Outro ação do BioFORT é o desenvolvimento de produtos agroindustriais a partir de matérias-primas biofortificadas. Na Embrapa Agroindústria de Alimentos, por exemplo, os pesquisadores testaram a formulações de farinhas de batata-doce na composição de pães, biscoitos, massas, snacks e sopas instantâneas. Ao mesmo tempo, tem-se pesquisado a formatação de novas embalagens capazes de conservar os micronutrientes por mais tempo.