Workshops de biofortificação fortalecem trabalho na América Latina e Caribe

 

Durante o final do mês de setembro, estratégias e alianças entre os principais responsáveis por melhoramento convencional na América Latina e Caribe foram fortalecidas por meio de dois workshops de biofortificação realizados na região. O primeiro (20 à 22/09), promovido pelo programa HarvestPlus, reuniu especialistas em comunicação e monitoramento do Brasil, Colômbia, El Salvador, Nicarágua, Honduras, Guatemala e Panamá, no Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT), em Cali, na Colômbia.

O evento seguinte, sediado no Panamá, foi realizado pelo comitê do Codex Alimentarius do país, com apoio do Instituto de Pesquisa Agropecuária do Panamá (IDIAP, em espanhol), nos dias 27 e 28 de setembro, e contou com a participação do próprio HarvestPlus, de membros participantes dos Comitês Nacionais do Codex Alimentarius de diferentes países (Brasil, Costa Rica, Cuba, El Salvador, Honduras, México, Nicarágua e Panamá), representantes de organizações internacionais que apoiam a biofortificação, do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e entidades panamenhas de nutrição e agricultura.

O encontro ocorrido na Colômbia, de acordo com a Coordenadora Adjunta do HarvestPlus América Latina e Caribe, Carolina González, serviu para fortalecer as relações com parceiros. “Todos nós aprendemos com as experiências de outros países, o que é o mais gratificante”. Houve espaço para o compartilhamento de experiências e desenvolvimento de estratégias de comunicação regionais para promover o uso de culturas biofortificados na América Latina. Ao mesmo tempo, estabeleceu-se indicadores e ferramentas para administrar o acompanhamento dos projetos, identificar os obstáculos e contribuir para compartilhar o progresso do projeto com parceiros e doadores.

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O segundo workshop, chamado de “Discussão da Estratégia de Biofortificação em Países da América Latina e Caribe”, primou por conhecer as experiências de desenvolvimento de biofortificados, segundo as diretrizes do Codex Alimentarius. Para a coordenadora do HarvestPlus América Latina e Caribe, Marilia Nutti, este encontro foi excelente, pois criou uma oportunidade para os países expressarem suas preocupações e pontos fortes atuais sobre a biofortificação. O coordenador do programa de biofortificação panamenho, AgroNutre Panamá, Ismael Camargo, considerou o evento como necessário para o andamento do trabalho em conjunto.

 

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Encontros expõem aumento do número de beneficiados com alimentos biofortificados


A cidade de Uberaba-MG foi palco do tradicional Dia do Zinco e Iodo, realizado em 13 de setembro, onde puderam ser expostos os progressos da biofortificação no Brasil, tendo como destaque o alcance à aproximadamente 20.000 pessoas beneficiadas pelos alimentos biofortificados. Posteriormente, nos dias 15 e 16 de setembro, na cidade de Cascável-PR, ocorreu uma reunião entre a comunidade local de agricultores, técnicos agrícolas da Secretaria Municipal de Agricultura e da Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Fundetec), além de pesquisadores da Embrapa Agroindústria de Alimentos, que durante o diálogo, foram unânimes em apontar o crescimento da demanda por variedades biofortificadas na região e, consequentemente, o aumento do número de produtores desses materiais, totalizando mais de 400 já beneficiados por cultivares biofortificados.

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O evento em Uberaba-MG ainda contou com a palestra do cientista Ismail Cakmak, da Universidade de Sabanci (Turquia), sobre melhoramento genético com foco em zinco e seu impacto na produção agronômica e na dieta alimentar. Houveram também palestras sobre manejo e produção de fertilizantes a base desse mesmo micronutriente e visitas à campos experimentais do Instituto Federal do Triângulo Mineiro, contendo trigo (adubação foliar), feijão-caupi e feijão biofortificados. Cerca de 200 pessoas participaram da programação.

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A pesquisadora da Embrapa Agroindústria de Alimentos e líder da Rede BioFORT, Marília Nutti, apresentou os avanços da biofortificação no Brasil e mostrou como as parcerias têm sido fundamentais na difusão dos materiais melhorados.

“Por exemplo, no Maranhão, a biofortificação alcançou o status de política pública com a ajuda do governo do estado, no Rio de Janeiro, temos um campo experimental de culturas agroecológicas e biofortificadas, junto da Secretaria de Agricultura Sustentável de Magé. Temos procurado identificar e estreitar relações com instituições que compartilham da mesma missão que a Rede BioFORT. Agora mesmo, temos um projeto bem adiantado com a Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Fundetec), para o lançamento de um aplicativo que permitirá termos todos os produtores de biofortificados cadastrados em nosso banco de dados.”

Em Cascável-PR, a reunião entre os atores da biofortificação na cidade pôde traçar estratégias para as próximas atividades, que envolverão instituições de apoio a agricultura local como, por exemplo, a Cooperativa de Trabalho e Assistência Técnica do Paraná – Biolabore. A expectativa é de que em novembro um dia de campo seja organizado no estado, para que mais sementes biofortificadas sejam distribuídas na cidade.

Mais sobre a biofortificação

A biofortificação consiste em um processo de cruzamento de plantas da mesma espécie, gerando cultivares mais nutritivos. O processo também é conhecido como melhoramento genético convencional. No melhoramento genético convencional uma planta é cruzada com outra da mesma espécie, não ocorrendo incorporação de genes de outro organismo ao genoma da planta, sendo necessário a realização de repetidos cruzamentos até atingir o cultivar melhorado desejado. Somente na transgenia ou engenharia genética é que se incorporam genes de outro organismo no genoma da planta.

Rede BioFORT

O trabalho de biofortificação no Brasil é realizado pela Rede BioFORT, cuja líder é a pesquisadora da Embrapa Agroindústria de Alimentos, Marília Nutti. A Rede BioFORT é responsável por englobar todos os projetos de biofortificação de alimentos no Brasil, sendo atualmente coordenada pela Embrapa. Dentre suas parcerias, está a feita com a instituição de pesquisa HarvestPlus, além do CNPq e diversas fundações estaduais de suporte a pesquisa. A partir da utilização da técnica de melhoramento genético convencional, é selecionado e aumentado o conteúdo de micronutrientes dos seguintes cultivares: arroz, feijão, batata-doce, mandioca, milho, feijão-caupi, abóbora e trigo. Novas culturas são geradas contendo maiores teores de pró-vitamina A, ferro e zinco, fortalecendo assim o combate à deficiência de micronutrientes no organismo humano.

Segundo dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, 2013), 48% das crianças no mundo com menos de cinco anos de idade apresentam anemia (deficiência de ferro) e 30% possuem deficiência em vitamina A. No Brasil, os números também são altos, tendo 55% das crianças com menos de cinco anos de idade apresentando deficiência de ferro e 13% com deficiência em vitamina A. Essa ausência crucial de micronutrientes no organismo pode provocar uma evolução em sintomas como cegueira noturna, anemia e diarreia, levando até ao falecimento de indivíduos, principalmente crianças, frente ao quadro de fome oculta.

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Quando a inovação agrícola e nutricional flerta com o esporte


A biofortificação de alimentos é mais do que nunca uma iniciativa inovadora, característica que parece refletir dentre os seus consumidores, em especial os atletas, tais como Giovana Stephan e Renan Alcântara, primeiro e único casal de dueto misto de nado sincronizado brasileiro. Por conta do rendimento físico, ambos possuem uma grande preocupação com a alimentação, fato que explica o otimismo demonstrado com a inovação agrícola e o futuro desta no cenário brasileiro.

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“Adorei a batata-doce biofortificada. Ela é muito doce, mais suave, sem falar que cresce de forma rápida, bem verdinha até, fico ansiosa para colher. Por mim já teria experimentado todos os alimentos biofortificados, o atleta precisa sempre investir na sua dieta, na qualidade dos alimentos que ele vai consumir, para obter uma melhora no desempenho, e os biofortificados trazem tudo isso. Suplementos são muito artificiais e caros, além de sobrecarregar o organismo.”

Conclui a atleta que durante 10 anos fez parte da seleção brasileira sênior de nado sincronizado, hoje representando o país no dueto misto. Dentre os seus maiores feitos estão a de primeira solista a ir a uma final, fato que ocorreu no Mundial de Roma, em 2009.
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O pai de Giovana, Sr. Giuseppe Stephan, recebeu em janeiro amostras de sementes biofortificadas de feijão preto (BRS Supremo) e ramas de batata-doce biofortificadas para plantio em sua propriedade na cidade de Teresópolis, no Rio de Janeiro. O perfil da inovação agrícola logo chamou a atenção de Giovana e do namorado por, justamente, apostar no melhoramento tradicional para aumentar vitaminas e minerais.

“Temos que ter uma qualidade de sono e uma nutrição muito boa para alcançar uma melhor performance, algo que pode vir com os alimentos biofortificados. Sem falar, que eu e Giovana buscamos ter uma vida natural. Eu já como muita batata-doce, levávamos pro treino batata-doce e ovo, agora foi a vez da batata-doce biofortificada.”

Ressalta Renan Alcântara, que também elogiou a inciativa social em reduzir a insegurança nutricional, conhecida mais como fome oculta, responsável por assolar uma a cada três pessoas no mundo.

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Ao lado de Renan e Giovana no círculo esportivo de apreciadores dos alimentos biofortificados, encontra-se Karina Lins e Silva, ex-atleta de vôlei de praia, que hoje vem cuidando dos preparativos olímpicos no Rio de Janeiro, durante seu trabalho no Comitê Organizador dos Jogos Rio 2016. Formada em nutrição e educação física, viveu grandes momentos no esporte como o período formando dupla com a campeã olímpica Sandra Pires, na época ainda com 19 anos, e o primeiro lugar no campeonato brasileiro de 94 (Circuito BB) com a jogadora Renata Palmier, indo até a aposentadoria de competições, em 1998. Hoje, se concentra entre a administração de sua fazenda, em Teresópolis, e no projeto Set Point, do qual é uma das idealizadoras. Quando o assunto gira em torno da biofortificação, Karina também mostrou entusiasmo com as cultivares. Ela também plantou variedades de feijões pretos e cariocas, todos biofortificados.

“Minha mãe provou o milho e adorou, ele é muito doce, super macio, uma delícia, chegamos até a brincar sobre trocar a criação de gado pela de cultivares. Achei a batata-doce também muito gostosa, o sabor tende um pouco para o sabor da abóbora, além de ser mais macia. Após a colheita disponibilizei algumas quantidades para serem feitas análises na Embrapa, que por sinal acabou dando resultados muito bons de quantidade de nutrientes.” 

Ela acredita que essa inovação agrícola chega em uma boa hora, visto que muitas pessoas ainda optam pela suplementação.

“A suplementação acaba sendo cara e nem sempre eficaz, reflete muitas vezes como um desperdício, chegando até a provocar sobrecarga renal. As pessoas ás vezes não têm necessidade daquela tamanha quantidade de proteína disponível no suplemento. Acaba havendo uma priorização de alimentos em detrimentos de outros. Mais opções naturais como os biofortificados, nos permite conscientizar melhor os jovens com relação a alimentação”

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