Palestras no Banco Mundial discutem a biofortificação de alimentos

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Utilizando técnicas de melhoramento genético clássico para obter cultivares de alimentos mais nutritivos, a biofortificação foi o meio encontrado por pesquisadores para melhorar a ingestão de micronutrientes nas dietas de famílias pobres. A Embrapa participa de uma rede mundial, a HarvestPlus, que agrupa pesquisadores de vários países em torno do assunto, e formou no Brasil a BioFORT, uma rede com mais de 150 especialistas de 11 centros da Embrapa, universidades, prefeituras e escolas técnicas de agricultura. Seu trabalho nessa área foi contemplado como um dos finalistas do Prêmio Péter Murányi 2012-Alimentação. Marília Regini Nutti, pesquisadora da Embrapa Agroindústria de Alimentos e coordenadora da BioFORT, receberá a Menção Honrosa em cerimônia marcada para 18 de abril em São Paulo.

O BioFORT pesquisa oito tipos de culturas: milho, feijão, mandioca, arroz, batata-doce, feijão caupi ou fradinho, trigo e abóbora. Como resultados, os pesquisadores conseguiram, por exemplo, cultivares de arroz com 18 miligramas (mg) de zinco e 4 mg de ferro por quilo, contra a média de 12 mg de zinco e 2 mg de ferro das variedades convencionais. O feijão do tipo carioca, na média, contém 50 mg de ferro e 30 mg de zinco por quilo, enquanto a rede conseguiu cultivares que atingem teores de 90 mg de ferro e 50 mg de zinco por quilo.

A deficiência de micronutrientes como ferro, zinco e vitamina A é um sério problema de saúde pública em países em desenvolvimento. A falta de ferro e zinco pode causar anemia, problemas no sistema imunológico, retardo no desenvolvimento e até a morte. A vitamina A é essencial para a saúde da visão e defesa do sistema imunológico.

Já foram lançadas cultivares de arroz, do feijão, feijão caupi, batata-doce e mandioca. A rede deve lançar este ano uma nova cultivar de milho. “Nosso foco são os produtores dos assentamentos rurais. Mas com o trigo, vamos desenvolver uma nova abordagem porque é um cultivo praticado por grandes produtores”, explica Marília Nutti. Hoje, a rede opera projetos-pilotos em Sergipe, Maranhão, Minas Gerais, Piauí e Rio de Janeiro envolvendo associações de produtores, escolas, prefeituras, universidades e centros de pesquisa.

A Embrapa tem firmado parcerias com prefeituras para garantir assistência técnica aos produtores interessados nos cultivos biofortificados e compromisso de compra da produção para uso na merenda escolar. “Com isso, há garantia de venda da produção e, consequentemente, conseguimos fazer com que um alimento mais nutritivo chegue às crianças, contribuindo para a promoção da saúde e do bem-estar”, exemplifica Marília.

Os pesquisadores utilizam os bancos de germoplasma da Embrapa para selecionar as cultivares mais promissoras para o melhoramento genético. No caso da mandioca, por exemplo, foram analisados mais de mil acessos. “Procuramos qual era mansa, mais macia, de boa produtividade e as mais amarelas (indicativo de presença de carotenoides para oferta de vitamina A). Chegamos à BRS Jari que tem até 9 µg de betacaroteno por grama em raízes frescas. Em variedades de polpa branca não há teores expressivos de betacaroteno. Assim, conseguimos um alimentos mais nutritivo e que tem forte presença na dieta da população”.

O BioFORT prepara agora um novo estudo que vai envolver duas creches. Cerca de 300 crianças serão divididas em dois grupos: um vai se alimentar de produtos biofortificados e outro não. Os pesquisadores vão comparar e verificar o impacto nutricional na dieta das crianças.

Sobre o Prêmio: O Prêmio Péter Murányi visa reconhecer os trabalhos que contribuem para a melhoria da qualidade de vida das populações situadas abaixo do paralelo 20 de latitude norte do globo, especialmente a brasileira. Em 2012, o foco do Prêmio foi “Alimentação”. Um total de 126 instituições de pesquisa participou desta edição. Os trabalhos indicados foram avaliados por uma comissão composta por especialistas na área que escolheu os três finalistas. Estes foram submetidos a um júri que indicou, por voto secreto, o vencedor.

Nesta edição, o trabalho vencedor foi “A variedade de mandioca de mesa IAC 576-70 como agente transformador na segurança alimentar de populações de baixa renda, pequenos agricultores e patrimônio genético do Instituto Agronômico de Campinas (IAC)”. O terceiro finalista foi o projeto “Inovações Tecnológicas para o Desenvolvimento de Coprodutos Derivados dos Resíduos das Agroindústrias Processadoras de Maracujá”, da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, que integra o projeto APL-Maracujá, liderado pela Embrapa Agroindústria de Alimentos.

Os finalistas serão convidados para participar da 64ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que ocorrerá em julho de 2012 na Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Na oportunidade, eles apresentarão os resultados de seus trabalhos em uma sessão especial. Mais informações: www.fundacaopetermuranyi.org.br

Outras informações:
Acadêmica Agência de Comunicação
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(11) 5549-1863 / 5081-5237
 erika@academica.jor.br

Embrapa Agroindústria de Alimentos
Pesquisadora Marília Nutti
marilia@ctaa.embrapa.br ou (21) 3622 9755
Jornalista Soraya Pereira (MTB 26165/SP)
soraya@ctaa.embrapa.br ou (21) 3622 9739 ou 9881 0535