A grande paixão pela pesquisa com abóbora

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Semíramis Rabelo Ramalho Ramos trabalha há cerca de vinte anos com a cultura da abóbora. Tempo suficiente para que a pesquisadora da Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju – SE) se apaixonasse pela cultura. E foi justamente essa paixão e a certeza de que a abóbora é uma hortaliça de ampla aceitação e consumo tradicional da população, principalmente a Nordestina, que fez com que a pesquisadora da área de recursos genéticos batalhasse para incluir a abóbora no projeto de biofortificação de alimentos – BioFORT.

A pesquisadora explica que desde a primeira vez que ouviu uma palestra sobre a biofortificação, ministrada pela pesquisadora Marilia Nutti, ficou tentada a sugerir a inclusão da abóbora nos projetos. “Ela tem elevados teores de carotenóides e possui vitaminas do complexo B; sais minerais, como o cálcio e o fósforo”; explica a pesquisadora, acrescentando que a abóbora ainda tem a vantagem de possibilitar diferentes formas de preparo, tanto cozida quanto crua, para o consumo. Todas essas características foram apresentadas com veemência durante a 2ª Reunião Anual de Biofortificação, realizada em 2007, no Rio de Janeiro, pela pesquisadora. A partir daí, a abóbora passou a fazer parte do projeto coordenado pela Embrapa Agroindústria de Alimentos, junto com o arroz, feijão, milho, mandioca, feijão-caupi e batata-doce.
Vencida a batalha da inclusão da hortaliça, as pesquisas se voltaram para a identificação, seleção e avaliação de acessos locais de abóbora com boas características agronômicas e alto teor de carotenóides pró-vitamínicos A. O trabalho então começou a ser feito em parceria com a Embrapa Semiárido. “Aliamos essas pesquisas a outros projetos em andamento na Embrapa Tabuleiros Costeiros, com a participação efetiva dos agricultores dos estados de Sergipe e Bahia no processo de seleção. Já identificamos dentro das variedades crioulas, acessos de abóbora que apresentaram valores máximos de até 460 microgramas por grama.
A partir do BioFort, as pesquisas com a abóbora foram além da dimensão agronômica e das características comerciais, como cor de polpa, formato, brix e matéria seca. “Estou muito satisfeita porque a cultura passa a ser estudada também pelo aspecto nutricional”, conta a pesquisadora. Ela explica que os próximos passos serão os estudos de retenção de carotenóides e a biodisponibilidade do nutriente no organismo. Estas pesquisas serão feitas pelos parceiros Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade de São Paulo (USP) e Embrapa Agroindústria de Alimentos.

Produtos – Durante os trabalhos no campo, a pesquisadora Semíramis Ramos percebeu a necessidade de ampliar o conhecimento dos agricultores sobre as formas de consumo da abóbora. “É preciso incentivar a diversificação do consumo, já que a hortaliça é muito versátil. Pode-se aproveitar o fruto, flores, folhas e sementes”, explica a pesquisadora.

Uma primeira experiência para incrementar a diversificação deste consumo foi realizada em 2008, com agricultores dos municípios de Simão Dias e Carira, localizados no Agreste sergipano. A parceria com o programa Sesi Cozinha Brasil, Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro) e o Movimento dos SemTerra (MST) possibilitou a realização do curso “Educação alimentar: aprendendo a preparar novas receitas com abóbora”. “Houve um retorno muito bom dos agricultores, inclusive dos integrantes das suas famílias, o que mostra que é possível, por meio da divulgação da informação e treinamento, incentivar novas formas de consumo”, conta Semíramis.

Para a pesquisadora, participar do BioFORT tem sido uma forma de dar um retorno aos agricultores que sempre contribuíram com as ações da Embrapa e trabalham com a cultura da abóbora, principalmente no Nordeste. “Eu já percorri praticamente todos os estados nordestinos, ao longo destes anos, em função dos trabalhos com recursos genéticos de cucurbitáceas, principalmente as abóboras. Este projeto é muito bonito e tem um diferencial muito importante. Ele perpassa as questões agronômicas porque também pensa na nutrição, ou seja, possibilita pensarmos num retorno concreto para os agricultores ao tentar fechar o ciclo: produção, comercialização, consumo e nutrição”, conclui Semíramis Ramos.

Jornalista da Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju – SE)
MTb/MG 05653 JP
www.cpatc.embrapa.br / gislenealencar@cpatc.embrapa.br
79 4009-1381

Foto: Saulo Coelho