Governo do Maranhão dá sinal verde para ampliação da biofortificação no estado

Foto por Raphael Santos - Reunião - Cópia

Na última quinta-feira (06/11), o Secretário de Agricultura Familiar do estado do Maranhão, Adelmo Soares, se reuniu com os líderes da Rede BioFORT, Marília Nutti e José Luiz Viana de Carvalho, além do chefe de P&D da Embrapa Agroindústria de Alimentos, Esdras Sundfeld. Durante o encontro, ambas as partes se mostraram entusiasmadas com o futuro do trabalho envolvendo cultivos biofortificados no Maranhão. Dentre as metas estabelecidas estão o atendimento da demanda por essas cultivares, garantia de compra de sementes, acompanhamento técnico, iniciar os campos de multiplicação, avaliação de participação junto com comunidades quilombolas e organização de um evento de apresentação da biofortificação à população do estado.

O encontro, realizado na Embrapa Agroindústria de Alimentos, no Rio de Janeiro, também contou com a participação de  Marcos Jacob – Analista da Embrapa Meio-norte e coordenador da Rede BioFORT no Maranhão; Leandro Leão – Analista da Embrapa Agroindústria de Alimentos; Loroana Coutinho Santana – Chefe da assessoria de Planejamento e Ações Estratégicas (ASPLAN); Adelana Santos – Coordenadora departamento de Soberania Alimentar, Agroecologia e Tecnologias Sociais; Pedro Pascoal – Diretor de Pesquisa e Extensão da Agência Estadual de Pesquisa Agropecuária e de Extensão Rural do Maranhão (AGERP); Hannah da Costa Soares – Bolsista da Universidade Federal de Campina Grande.

Mais de 3.500 produtores já foram beneficiados com alimentos biofortificados no Maranhão. Alguns dos principais agricultores dessas cultivares, como o Sr. Onias de Santana, irão expor as variedades Beauregard (batata-doce), BRS Aracê (feijão-caupi) e BRS Jari (mandioca) na Feira de Agricultura Familiar e Agrotecnológica do estado, que acontece durante os dias 11, 12, 13 e 14 de novembro, na cidade de Caxias-MA.

Todos os esforços em ampliar a biofortificação visam o combate à fome oculta, que é o termo utilizado para designar a carência de micronutrientes no organismo de uma pessoa. Esse tipo de deficiência assola uma em cada três pessoas no mundo. Segundo os últimos dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), 48% das crianças no mundo com menos de cinco anos de idade apresentam anemia (deficiência de ferro) e 30% possuem deficiência em vitamina A. No Brasil, os números também são altos, tendo 55% das crianças com menos de cinco anos de idade apresentando deficiência de ferro e 13% com deficiência em vitamina A. Essa ausência crucial de micronutrientes no organismo pode provocar uma evolução em sintomas como cegueira noturna, anemia e diarreia, levando até ao falecimento de indivíduos, principalmente crianças, frente a esse quadro popularmente conhecido como fome oculta, responsável por assolar bilhões ao redor do mundo.

 

Mais sobre a biofortificação

A biofortificação consiste em um processo de cruzamento de plantas da mesma espécie, gerando cultivares mais nutritivos. O processo também é conhecido como melhoramento genético convencional. No melhoramento genético convencional uma planta é cruzada com outra da mesma espécie, não ocorrendo incorporação de genes de outro organismo ao genoma da planta, sendo necessário a realização de repetidos cruzamentos até atingir o cultivar melhorado desejado. Somente na transgenia ou engenharia genética é que se incorporam genes de outro organismo no genoma da planta.

 

Mais sobre a Rede BioFORT

A Rede BioFORT é responsável por englobar todos os projetos de biofortificação de alimentos no Brasil, sendo atualmente coordenada pela Embrapa. Dentre suas parcerias, está a principal, feita com a instituição de pesquisa HarvestPlus, uma aliança de instituições de pesquisa que atuam na América Latina, África e Ásia com recursos financeiros da Fundação Bill e Melinda Gates, Banco Mundial e agências internacionais de desenvolvimento. A Rede BioFORT conta ainda com projetos financiados pela Embrapa, CNPq, e diversas fundações estaduais de suporte a pesquisa. A partir da utilização da técnica de melhoramento genético convencional, é selecionado e aumentado o conteúdo de micronutrientes dos seguintes cultivares: arroz, feijão, batata-doce, mandioca, milho, feijão-caupi, abóbora e trigo. Novas culturas são geradas contendo maiores teores de pró-vitamina A, ferro e zinco, fortalecendo assim o combate à deficiência de micronutrientes no organismo humano, a popular fome oculta, que dentre as doenças provocadas, estão a anemia e a cegueira noturna. A Rede BioFORT não trabalha com alimentos transgênicos.