Encontros expõem aumento do número de beneficiados com alimentos biofortificados


A cidade de Uberaba-MG foi palco do tradicional Dia do Zinco e Iodo, realizado em 13 de setembro, onde puderam ser expostos os progressos da biofortificação no Brasil, tendo como destaque o alcance à aproximadamente 20.000 pessoas beneficiadas pelos alimentos biofortificados. Posteriormente, nos dias 15 e 16 de setembro, na cidade de Cascável-PR, ocorreu uma reunião entre a comunidade local de agricultores, técnicos agrícolas da Secretaria Municipal de Agricultura e da Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Fundetec), além de pesquisadores da Embrapa Agroindústria de Alimentos, que durante o diálogo, foram unânimes em apontar o crescimento da demanda por variedades biofortificadas na região e, consequentemente, o aumento do número de produtores desses materiais, totalizando mais de 400 já beneficiados por cultivares biofortificados.

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O evento em Uberaba-MG ainda contou com a palestra do cientista Ismail Cakmak, da Universidade de Sabanci (Turquia), sobre melhoramento genético com foco em zinco e seu impacto na produção agronômica e na dieta alimentar. Houveram também palestras sobre manejo e produção de fertilizantes a base desse mesmo micronutriente e visitas à campos experimentais do Instituto Federal do Triângulo Mineiro, contendo trigo (adubação foliar), feijão-caupi e feijão biofortificados. Cerca de 200 pessoas participaram da programação.

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A pesquisadora da Embrapa Agroindústria de Alimentos e líder da Rede BioFORT, Marília Nutti, apresentou os avanços da biofortificação no Brasil e mostrou como as parcerias têm sido fundamentais na difusão dos materiais melhorados.

“Por exemplo, no Maranhão, a biofortificação alcançou o status de política pública com a ajuda do governo do estado, no Rio de Janeiro, temos um campo experimental de culturas agroecológicas e biofortificadas, junto da Secretaria de Agricultura Sustentável de Magé. Temos procurado identificar e estreitar relações com instituições que compartilham da mesma missão que a Rede BioFORT. Agora mesmo, temos um projeto bem adiantado com a Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Fundetec), para o lançamento de um aplicativo que permitirá termos todos os produtores de biofortificados cadastrados em nosso banco de dados.”

Em Cascável-PR, a reunião entre os atores da biofortificação na cidade pôde traçar estratégias para as próximas atividades, que envolverão instituições de apoio a agricultura local como, por exemplo, a Cooperativa de Trabalho e Assistência Técnica do Paraná – Biolabore. A expectativa é de que em novembro um dia de campo seja organizado no estado, para que mais sementes biofortificadas sejam distribuídas na cidade.

Mais sobre a biofortificação

A biofortificação consiste em um processo de cruzamento de plantas da mesma espécie, gerando cultivares mais nutritivos. O processo também é conhecido como melhoramento genético convencional. No melhoramento genético convencional uma planta é cruzada com outra da mesma espécie, não ocorrendo incorporação de genes de outro organismo ao genoma da planta, sendo necessário a realização de repetidos cruzamentos até atingir o cultivar melhorado desejado. Somente na transgenia ou engenharia genética é que se incorporam genes de outro organismo no genoma da planta.

Rede BioFORT

O trabalho de biofortificação no Brasil é realizado pela Rede BioFORT, cuja líder é a pesquisadora da Embrapa Agroindústria de Alimentos, Marília Nutti. A Rede BioFORT é responsável por englobar todos os projetos de biofortificação de alimentos no Brasil, sendo atualmente coordenada pela Embrapa. Dentre suas parcerias, está a feita com a instituição de pesquisa HarvestPlus, além do CNPq e diversas fundações estaduais de suporte a pesquisa. A partir da utilização da técnica de melhoramento genético convencional, é selecionado e aumentado o conteúdo de micronutrientes dos seguintes cultivares: arroz, feijão, batata-doce, mandioca, milho, feijão-caupi, abóbora e trigo. Novas culturas são geradas contendo maiores teores de pró-vitamina A, ferro e zinco, fortalecendo assim o combate à deficiência de micronutrientes no organismo humano.

Segundo dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, 2013), 48% das crianças no mundo com menos de cinco anos de idade apresentam anemia (deficiência de ferro) e 30% possuem deficiência em vitamina A. No Brasil, os números também são altos, tendo 55% das crianças com menos de cinco anos de idade apresentando deficiência de ferro e 13% com deficiência em vitamina A. Essa ausência crucial de micronutrientes no organismo pode provocar uma evolução em sintomas como cegueira noturna, anemia e diarreia, levando até ao falecimento de indivíduos, principalmente crianças, frente ao quadro de fome oculta.

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